Nas últimas três décadas, pelo menos, os Jogos Pan-Americanos deixaram de ter grande relevância no cenário esportivo das Américas. A principal competição poliesportiva do continente passou a ser encarada como uma espécie de “treino de luxo” para as Olimpíadas, normalmente realizadas no ano subsequente. Sem a presença das grandes estrelas, o Pan continuava sendo uma competição simpática, porém de pouca utilidade.
Esta situação passou a mudar na edição do último Pan-Americano, em Lima-2019, quando o evento passou a ser uma espécie de trampolim para os atletas alcançarem uma vaga olímpica. Naquela ocasião, 14 modalidades deram vaga direta à Olimpíada de Tóquio-2020, enquanto oito pontuaram para rankings classificatórios ou índices olímpicos.
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Eis que neste ano, os Jogos Pan-Americanos de Santiago-2023 darão um passo adiante. Marcado para começar em 20 de outubro, o Pan-Americano deste ano reservará um total recorde de 33 modalidades que darão ou poderão assegurar vagas em Paris-2024. Destas, 21 concederão qualificação olímpica direta, enquanto outras 12 contarão pontos para os respectivos rankings de qualificação ou válidas para obtenção de índices.
Pan-Americano valorizado
Com esta estratégia, ao transformar os Jogos Pan-Americanos em um grande Pré-Olímpico, a Panam Sports (entidade que organiza o esporte das Américas) voltou a dar um peso importante em uma das competições mais tradicionais do esporte olímpico, que é realizada desde 1951. Com a previsão de participação de mais de oito mil atletas de 41 países do continente, o Pan de Santiago-2023 será o evento que destinará mais vagas olímpicas.
Ainda sujeita a alterações, eis a lista de esportes que darão vaga direta para os Jogos de Paris-2024:
- Boxe
- Breaking
- Escalada
- Ginástica artística
- Ginástica Rítmica
- Ginástica de trampolim
- Handebol
- Hipismo adestramento
- Hipismo CCE
- Hipismo saltos
- Hóquei sobre grama
- Nado artístico
- Pentatlo moderno
- Polo aquático
- Saltos ornamentais
- Surfe
- Tênis
- Tênis de mesa
- Tiro esportivo
- Tiro com arco
- Vela
Já as modalidades que contarão pontos em rankings ou aceitarão índices olímpicos de qualificação, são as seguintes (lista sujeita a alterações):
- Atletismo
- Badminton
- Basquete 3×3
- Ciclismo BMX freestyle
- Ciclismo BMX racing
- Ciclismo Mountain Bike
- Ciclismo de pista
- Ciclismo de estrada
- Levantamento de peso
- Natação
- Taekwondo (kyorugi)
- Triatlo
Previsto para começar em 17 de novembro, os Jogos Parapan-Americanos de Santiago-2023 também será generoso em distribuir vagas para a Paralimpíada de Paris-2024. Das 18 modalidades previstas no programa do Parapan, 15 serão classificatórias. Seis modalidades premiarão com vagas diretas: basquete em cadeira de rodas, futebol para cegos, goalball, tênis em cadeira de rodas, tênis de mesa e rúgbi em cadeira de rodas.
‘Jeitinho’ do COI aos russos pode custar caro
Ainda é cedo para um prognóstico mais definitivo, mas não se deve descartar que a ideia do COI (Comitê Olímpico Internacional) em permitir a presença de atletas da Rússia e Belarus competindo em Paris-2024 pode terminar em boicote. Em razão da Guerra da Ucrânia, que caminha para seu lamentável aniversário de um ano, estes dois países estão banidos do esporte mundial.
Porém, na última Cúpula Olímpica, realizada no final do ano passado, o COI se animou com uma proposta do Conselho Olímpico da Ásia, para que russos e bielorrussos disputem as qualificatórias olímpicas em seu continente, evitando confrontos com a Ucrânia e seus aliados. O “jeitinho” do COI não foi bem-visto pela comunidade esportiva.
O norueguês Gerhard Heiberg, ex-membro do COI e responsável pela organização da Olimpíada de Inverno de Lillehammer-1994, afirmou que é cedo para qualquer aceno em favor do retorno de Rússia, que deflagrou o conflito contra a Ucrânia, bem como Belarus, que apoia as ações militares russas. O preço pode ser até o de um boicote à Olimpíada de Paris-2024 por países vizinhos da Ucrânia, o que seria lamentável.
OLÍMPICAS
Candidatura frustrada
Durou muito pouco o sonho de uma candidatura tripla de Suíça, Itália e França para organizar os Jogos de Inverno de 2030. Apenas horas depois de surgir a notícia de que iria surgir uma proposta conjunta do Vale de Aosta (ITA), Valais (SUI) e Chamonix (FRA), a ideia naufragou. Sede dos primeiros Jogos de Inverno, em 1924, Chamonix, um resort francês localizado aos pés do Monte Blanc negou que estivesse interessado. Segundo as autoridades da cidade, o interesse partiu de um grupo privado e não das autoridades políticas de Chamonix.
Eliminado do esporte
Modalidade que corre risco de ser rifada do programa dos Jogos Olímpicos por causa dos recorrentes casos de doping, o levantamento de peso teve seu terceiro treinador punido por envolvimento com doping em pouco mais de dois anos. Desta vez, com uma punição mais radical: o técnico ucraniano Matsokha Mykhailo foi banido para sempre do esporte por adulteração e cumplicidade com seu atleta Dmytro Chumak, que está suspenso desde maio de 2021.
Obras e confusão
Para quem usa transporte público em Paris, especialmente sobre trilhos, a vida não será muito fácil nos próximos meses. De olho nos Jogos Olímpicos e Paralímpicos de 2024, serão feitas inúmeras obras em pontes, túneis, trilhos, reformas em estações e melhoria em acessibilidade nas linhas de trem e metrô que atendem a região da Grande Paris. Será ainda criado o Grand Paris Express, com quatro linhas,68 estações e 200 km de extensão.
A FRASE
“É muito cedo um plano para a inclusão de atletas russos. Os aliados da Ucrânia, e a Europa como um todo, têm uma justa preocupação e sim, podem recorrer ao boicote”
Gerhard Heiberg, ex-membro do COI, sobre uma possível permissão para atletas da Rússia e Belarus participarem da Olimpíada de Paris, enquanto a Guerra da Ucrânia não terminar
