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Laguna Olímpico

Ana Moser dará ao esporte brasileiro a atenção que merece

A escolha da medalhista olímpica como ministra do Governo Lula pode resgatar a função de inclusão social do esporte

Ana Moser
Ana Moser, escolhida para ser a ministra do Esporte do Governo Lula

Após quatro anos relegado à insignificância pelo pior governo da história do Brasil, o esporte volta a ser tratado como merece. Ao escolher Ana Moser para comandar um recriado Ministério do Esporte, o presidente Luís Ignácio Lula da Silva fez talvez uma da suas escolhas mais felizes.

Não poderia ter uma pessoa mais qualificada para este cargo como Ana Moser. A catarinense de 54 anos escreveu uma das carreiras mais brilhantes no vôlei do Brasil. Por sinal, é significativo que o retorno da pasta ao status de ministério seja através de uma ex-atleta, 24 anos depois de Pelé ter deixado o cargo, no governo de Fernando Henrique Cardoso.

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Ana Moser não é a mais qualificada apenas por ser ex-atleta e também medalhista olímpica, com o bronze conquistado nos Jogos de Atlanta-1996. O fato isolado de ser ex-atleta não faz ninguém automaticamente qualificado para assumir uma posição de gestão pública. Muito diferente do que o currículo de Ana Moser apresenta.

Esporte para todos

Há 21 anos, ela fundou e comanda o Instituto Esporte & Educação (IEE), que tem como principal função usar o esporte como instrumento de inclusão social e garantir a todos o direito à pratica esportiva. Ao longa da existência do IEE, foram impactados mais de 6 milhões de crianças e jovens, além de promover a capacitação de mais de 55 mil professores. Se uma parte disso puder ser colocada em prática em seu mandato, Ana Moser terá feito muito mais que os quatro nefastos anos que duraram o governo Bolsonaro.

E o que traz ainda mais esperança é que neste primeiro momento, o foco do novo Ministério do Esporte estará voltado para a base da pirâmide e não ao alto rendimento.

“Não é que a gestão não vá dar atenção, mas elas precisam de um tempo que é o tempo que elas precisam. Enquanto esse outro esporte, como direito de todos, está aí para ser estruturado. Vai ter uma demanda muito maior”, disse a ministra Ana Moser, em entrevista ao blog “Olhar Olímpico”, do UOL Esportes. Apenas por estas ideias já é possível cravar que Ana Moser tem tudo para ser um sucesso no comando do esporte brasileiro.

Apenas por estas ideias já é possível cravar que Ana Moser tem tudo para ser um sucesso no comando do esporte brasileiro.


Um Rei Pelé olímpico

Não há pessoa com alguma ligação com esporte que não tenha ficado impactado com a notícia da morte de Pelé, o maior jogador de futebol de todos os tempos, que ocorreu na última quinta-feira (29). Além de toda a genialidade que exibiu nos gramados e de sua importância para a história do futebol, Pelé esteve conectado de alguma forma ao movimento olímpico, mesmo sem nunca tendo disputado uma edição dos Jogos Olímpicos.

Como bem mostrou reportagem do Olimpíada Todo Dia, o Rei Pelé teve vários momentos em que teve seu nome ligado às Olimpíadas. Como em 1999, quando foi escolhido pelo COI (Comitê Olímpico Internacional) como o “Atleta do Século”. Ou na campanha que elegeu o Rio de Janeiro como sede dos Jogos de 2016.

Particularmente, eu sempre gosto de lembrar uma passagem que tive a sorte de testemunhar. Em 1995, quando tinha acabado se assumir o Ministério do Esporte, Pelé fez uma visita oficial à Vila dos Atletas dos Jogos Pan-Americanos de Mar del Plata (ARG). Ele passou pelo edifício onde estava alojada a delegação do Brasil e a segurança avisou que apenas um jornalista por veículo poderia acompanhar o Rei.

Mas como tudo envolvendo Pelé nem sempre cumpria os protocolos, todos os jornalistas brasileiros (e alguns gringos também) presentes acabaram invadindo o prédio. Embora ninguém tenha conseguido nenhuma entrevista exclusiva, ganharam de brinde uma foto geral com o próprio Pelé. Este retrato guardo como uma espécie de medalha olímpica pessoal.

OLÍMPICAS

Medalhista condenada

Um dos países que sofre com as sanções do COI por apoiar a Rússia na Guerra da Ucrânia, Belarus voltou a ser notícia esta semana da pior forma. O governo do ditador Aleksandr Lukashenko condenou a 12 anos de prisão a ex-nadadora Aliaksandra Herasimenia, dona de três medalhas olímpicas. O motivo alegado foi que ela espalhou fake news durante os protestos contra a reeleição de Lukashenko, que está no poder desde 1994. Exiliada na Lituânia, Aliaksandra Herasimenia criou uma fundação que dá auxilio a atletas bielorrussos que sofrem perseguição política.

Influência americana no COI?

O vice-primeiro-ministro da Rússia, Dmitry Chernyshenko, colocou nesta semana mais lenha na fogueira no embate do país com o COI. Ao reclamar que os atletas russos e de Belarus estão praticamente excluídos das competições internacionais, não pegou leve, em entrevista ao canal estatal “Russia-24”. Segundo ele, a entidade sofre influência direta dos Estados Unidos e diz ainda que “o COI não é uma organização independente”. O COI estabeleceu duras sanções às equipes e atletas russos e bielorrussos, em razão de sua participação na Guerra da Ucrânia.

Índia e seu sonho olímpico

A próxima sessão do COI, marcada para a cidade de Mumbai, em mês de setembro, deverá trazer como principal novidade a apresentação da candidatura da Índia para receber os Jogos Olímpicos e Paralímpicos de 2036. Segundo o ministro de esportes do país, Anurag Thakur, após receber os Jogos da Comunidade Britânica de 2010, o próximo passo seria pleitear a Olimpíada. A possível cidade candidata a receber os Jogos seria Ahmedabad. Com cerca de 7,2 milhões de habitantes, já conta com a infraestrutura esportiva necessária para o evento.


A FRASE

“Nunca tive a chance de ganhar uma medalha de ouro para o Brasil. Comecei muito novo, com 16 anos estava no Santos e com 17 já na seleção, e por isso nunca pude disputar uma Olimpíada. Esta é uma das minhas maiores frustrações”

Pelé, ao comentar sobre sua ligação com o movimento olímpico


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