Enquanto o mundo assiste apreensivo o avanço de tropas da Rússia em território da Ucrânia desde a última semana, a pressão vinda do esporte também cresce. Nesta segunda-feira (28), o COI (Comitê Olímpico Internacional) fez o seu mais duro passo contra um de seus filiados em toda sua história recente. O Comitê Executivo da entidade recomentou que atletas da Rússia e de Belarus, aliada no conflito contra os ucranianos, não sejam admitidos em nenhuma competição internacional.
Trata-se de um passo adiante da primeira manifestação do COI desde o início do conflito, na última quinta-feira (24). Já na sexta-feira (25), o COI condenou a ação, usando como justificativa a quebra da Trégua Olímpica. Com isso, recomendava que as entidades esportivas cancelassem ou retirassem qualquer competição marcada para a Rússia ou Belarus.
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Na prática, essa medida já poderia atingir os Jogos Paralímpicos de Inverno de Pequim, que começarão na próxima sexta-feira (4).
“A atual guerra na Ucrânia, no entanto, coloca o Movimento Olímpico em um dilema. Enquanto os atletas da Rússia e da Bielorrússia poderiam continuar a participar de eventos esportivos, muitos atletas da Ucrânia estão impedidos de fazê-lo por causa do ataque ao seu país”, diz um trecho do comunicado do COI.
“A fim de proteger a integridade das competições esportivas globais e para a segurança de todos os participantes, o Comitê Executivo do COI recomenda que as Federações Esportivas Internacionais e os organizadores de eventos esportivos não convidem ou permitam a participação de atletas e oficiais russos e bielorrussos em competições internacionais”, segue o texto divulgado.
Contradições
Este novo capítulo das pressões contra a Rússia, que ecoam cada vez mais em competições ou fora delas, tem também um componente de contradição. O COI, conhecido historicamente por fechar os olhos para regimes pouco democráticos, não teve a mesma postura em adotar estas posições quando a Trégua Olímpica foi quebrada antes.
Coincidentemente, em duas delas os russos estavam envolvidos. Eles também não respeitaram o período da Trégua Olímpica em 2008, durante a invasão da Geórgia, durante os Jogos Olímpicos e Paralímpicos de Verão de Pequim. Ou quando anexaram a Criméia, então parte da Ucrânia, em 2014, no dia da cerimônia de encerramento dos Jogos de Inverno de Sochi.
Não me lembro também do COI ameaçar os Estados Unidos com algum tipo de punição em razão da guerra e respectiva invasão ao Iraque. O conflito, que durou entre 2003 e 2011, englobou nada menos do que três ciclos olímpicos.
A posição dura divulgada pelo COI nesta segunda-feira teria mais força e relevância se não fosse esta seletividade política.