Daqui a exatamente uma semana, começará a Olimpíada de Inverno de Pequim-2022 e nesta sexta-feira (28), entrará em vigor de forma oficial a chamada “trégua olímpica”. A resolução do COI (Comitê Olímpico Internacional), com apoio da ONU, estabelece que todos os países participantes dos Jogos “usarão o esporte como ferramenta para promover a paz, o diálogo e a reconciliação em áreas de conflito”. Na teoria, é maravilhoso. Na prática, não passa de uma inútil peça de publicidade.
O período da trégua olímpica deve se prolongar até 20 de março, ou seja, sete dias após o encerramento dos Jogos Paralímpicos. Mas se há uma coisa quase impossível de ocorrer em Pequim nestes dois eventos é encontrar um clima de completa tranquilidade. Questões políticas e diplomáticas tornam a iniciativa do COI utópica.
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Para início de conversa, uma forte tensão entre Rússia e Ucrânia deixa no ar o receio de que a qualquer momento comece um conflito militar entre os dois inimigos históricos. Nas últimas semanas, o exército russo aumentou sua presença na fronteira ucraniana. O entrevero já respinga no campo esportivo, inclusive. Autoridades da Ucrânia pediram que os atletas do país nem tirem fotos ao lado dos colegas russos durante os Jogos.
Até boicote no caminho
Será uma Olimpíada realizada inclusive sob boicote. Diplomático, é verdade, sem reflexo nas competições. Mas com enorme potencial para criar um clima tenso entre as delegações que estarão em Pequim, provocando respostas enviesadas do próprio governo chinês.
Não se pode esquecer que a própria realização dos Jogos desperta polêmica e protestos, por parte de entidades que defendem os direitos humanos. Até mesmo uma manifestação contra Pequim-2022, na cerimônia de acendimento da chama olímpica, na Grécia, ocorreu no ano passado. A ver o que acontecerá no período da Olimpíada.
Por fim, como se falar em trégua olímpica se até entidades que defendem os atletas não recomendam que sejam feitos protestos em favor de direitos humanos e liberdade de expressão enquanto estiverem em território chinês?
Sinceramente, alguém ainda acredita nesta papagaiada de trégua olímpica mesmo?