Primeiro, preciso fazer uma confissão: torci um pouco o nariz quando soube da intenção da Panam Sports em criar o Pan-Americano Junior, lá em 2019. “Mais uma competição no calendário, para que isso?” me perguntei na ocasião. Hoje, admito que estava redondamente enganado. Não só passou longe de preencher um espaço na lista de competições oficiais das Américas como abriu espaço para uma garotada de talento ganhar experiência em grandes competições, de olho em voos mais elevados.
O evento organizado pelos colombianos em Cali e Valle, encerrado neste último domingo (5), cumpriu bem o papel de abrir as portas de uma competição multiesportiva para os jovens atletas das Américas. Poucos conseguem espaço em suas equipes em competições mais badaladas, como Jogos Olímpicos ou mesmo Pan-Americanos.
O Pan-Americano Junior de Cali-Valle 2021 conseguiu colocar em ação até mesmo estrelas de suas modalidades, como foi o caso da skatista brasileira Pâmela Rosa, que recentemente conquistou o bicampeonato mundial da SLS e semanas depois estava competindo pelo Pan. Alguém duvida da importância da presença de um nome como o de Pâmela para servir de inspiração a tantas meninas que competem em centros menos desenvolvidos do skate?
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Pelo menos para os atletas das Américas, o Pan de Cali-Valle ainda serviu de compensação pelo adiamento da Olimpíada da Juventude de Dacar, no Senegal, prevista originalmente para acontecer no ano que vem. Em razão da pandemia do coronavírus, ainda no ano passado o COI (Comitê Olímpico internacional) transferiu o evento para 2026.
Como o limite de idade para esta competição é de 22 anos, muitos jovens que não conseguirão chegar a uma Olimpíada tradicional ficarão privados de vivenciar estar experiência.
Como bônus, o primeiro Pan-Americano Junior, que reuniu cerca de 3.800 atletas de 42 países, ainda distribuiu vagas a todos os campeões no Pan de Santiago 2023. Nada mal.
Brasil campeão
Para o Brasil, o saldo da competição não poderia ser mais positivo. O Time Brasil ficou com o primeiro lugar na classificação final, somando um total de 164 medalhas, sendo 59 ouros, 49 pratas e 56 bronzes. Das 38 modalidades em disputa, os brasileiros foram ao pódio em 35. Por fim, foram asseguradas de forma antecipada 77 vagas para o Pan de Santiago.
Em Cali, tivemos a maior medalhista individual da competição, a nadadora Stephanie Balduccini, com sete ouros; foi dominante na natação e no atletismo, vencendo na classificação geral das duas modalidades; e ganhou medalhas até em esportes onde nunca teve destaque, como a patinação de velocidade, onde ganhou dois ouros.
Um desempenho muito bom, sem sombra de dúvidas, mas que teve como ajuda o fato de que as maiores potências olímpicas do continente, Estados Unidos e Canadá, praticamente ignoraram o Pan Junior de Cali, deixando de enviar equipes fortes em várias modalidades. Mas isso não é problema nosso, certo?
O que importa mesmo é dizer que o Pan Junior de Cali 2021 entregou o que prometeu. Que venham muitos outros no futuro.