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Revolução no pentatlo moderno pode respingar também no hipismo

Retirada da equitação no pentatlo após Paris-2024 reforçará a pressão de entidades protetoras dos animais sobre os esportes equestres

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Os Jogos de Paris-2024 marcarão a despedida das provas de hipismo no pentatlo moderno (Divulgação/Nuno Gonçalves/UIPM)

Uma pequena “revolução” tomou conta do mundo olímpico nesta quinta-feira (4). A UIPM (União Internacional de Pentatlo Moderno) deu a largada para uma mudança radical na modalidade, ao confirmar a retirada da competição de saltos do hipismo. A alteração passará a valer após a Olimpíada de Paris-2024 e a entidade inclusive abriu uma pesquisa para definir a modalidade que entrará no lugar.

Mas vale um alerta: a revolução que hoje atinge o pentatlo moderno, esporte criado pelo Barão de Coubertin, pode sim alcançar a médio e longo prazo o próprio hipismo dentro das Olimpíadas.

Desde que o pentatlo moderno entrou no programa olímpico, em Estocolmo-1912, o hipismo já estava entre as cinco disciplinas, ao lado da natação e esgrima. As outras duas, tiro esportivo e corrida, foram juntadas em uma única prova nos últimos anos, o laser run. Nela, os atletas fazem um percurso de 3.200 m, onde fazem também quatro séries de tiros a laser, em alvos a 10 metros de distância.

Sobrevivência     

A mudança na essência do pentatlo moderno teve por trás uma necessidade de sobrevivência. Em razão de um deplorável episódio ocorrido nos Jogos de Tóquio-2020, quando uma treinadora alemã agrediu um cavalo que se recusou a saltar com sua atleta e foi expulsa da competição, o COI (Comitê Olímpico Internacional) exigiu uma atitude enérgica da UIPM. Sob o risco de ser cortado definitivamente do programa olímpico.

Foi então que os dirigentes viram que agora era a oportunidade ideal para mexer na modalidade. Em Paris-2024, assim como ocorreu em Tóquio-2020, todo o evento do pentatlo moderno acontecerá em um período de 90 minutos em um estádio específico, ao contrário do modelo anterior, que dividia a disputa em dois dias. Desta forma, para a edição de Los Angeles-2028, uma nova modalidade integrará o programa das provas.

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Ao fazer esta movimentação, o pentatlo moderno tenta acalmar a ira de entidades de defesa dos direitos dos animais. A PETA, por exemplo, escreveu uma furiosa carta ao COI diante dos acontecimentos em Tóquio. Nela, a ONG bateu pesado. “Ganhar uma medalha não é desculpa para machucar animais. Os esportes evoluem com o tempo e já passou da hora dos Jogos terminarem com a exploração dos cavalos”, diz o texto da PETA.

Respingo em outros esportes

O problema é que o reflexo destas críticas podem não se restringir somente ao pentatlo moderno. Por uma infelicidade, houve um outro incidente nos Jogos de Tóquio, ainda mais grave, envolvendo os esportes equestres. O cavalo Jet Set, montado pelo suíço Robin Godel, no conjunto completo de equitação (CCE), sofreu uma lesão irreparável na pata traseira direita e precisou ser sacrificado.

Por uma questão de justiça, são muito raros os episódios públicos envolvendo maus-tratos de animais no esporte de alto rendimento. A FEI (Federação Equestre Internacional) tem criado mecanismos rigorosos para evitar casos assim.

Óbvio dizer, também, que nem as regras mais rígidas impedem que cretinos maltratem animais em competições mundo afora, infelizmente. Como resultado, com o COI buscando adequar cada vez mais os Jogos Olímpicos aos novos tempos, a possibilidade de excluir a presença de animais no evento não pode ser descartada.

A ver como será a reação sobre “revolução” que foi iniciada pelo pentatlo moderno envolvendo os esportes equestres.

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