Uma das coisas mais bacanas do jornalismo esportivo é quando você vê se concretizar o nascimento de um ídolo. Alguém sobre quem você escreveu lá atrás, quando era uma promessa. De preferência, tendo na bagagem conquistas históricas. A incrível medalha de bronze de Alison dos Santos nos 400 m com barreira dos Jogos de Tóquio-2020, obtida nesta madrugada no Estádio Olímpico, se enquadra perfeitamente neste exemplo. Mas quando essa conquista confirma uma previsão feita em uma reportagem que você escreveu, o sentimento de satisfação é ainda maior.
Em outubro de 2019, eu colaborava para o “Yahoo Esportes”, no espaço chamado “Mundo Olímpico”, que dividia com outros dois companheiros, os jornalistas Alessandro Lucchetti e Marcelo Romano.
Naquele mês, uma das pautas que produzi era um perfil com uma grande revelação do atletismo nacional chamado Alison Brendom dos Santos (ele ainda era chamado pelo nome completo). O texto pode ser conferido aqui.
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Depois de conquistar a medalha de ouro nos Jogos Pan-Americanos de Lima, Alison alcançou também uma vaga na final do Mundial de Doha, com apenas 19 anos.
Feitos consideráveis, sem dúvida. Eu só não contava ouvir previsões ainda mais otimistas do seu técnico, Felipe de Siqueira, ao entrevistá-lo para aquela reportagem. “Ele consegue reproduzir muito bem na competição o que faz nos treinos. E faz ainda melhor na competição. A gente sabe que a pouca idade às vezes pode influenciar no momento da prova. Mas essa pressão vejo mais como uma motivação do que como uma cobrança. Se ele conseguir chegar à final fazendo o seu melhor tempo, vai brigar por medalha”, disse Siqueira, lá em 2019.
Vale ressaltar que ainda não existia a pandemia e a Olimpíada de Tóquio deveria acontecer menos de um ano depois. Ainda assim, para o treinador, Alison já exibia alguns fatores que o tornavam um atleta especial.
“Ele tem uma facilidade impressionante para entender a prova. Estamos cansados de ver atletas talentosos, mas que não têm o entendimento completo da prova, comprometimento, cuidados extra-pista. Isso ele tem de sobra e é muito importante”, afirmou, completando. ““Ele está cursando fisioterapia e isso ajuda muito. Tudo que é ligado à parte de recuperação pós-treino, cuidados fora da pista, todas as coisas ajudam que ele entenda o processo de como construir um resultado”.
Ver Alison dos Santos festejar de uma forma tão genuína e alegre a sua medalha de bronze nos 400 m com barreiras é uma das grandes imagens que vamos levar desta Olimpíada. Algo que certamente seu treinador já estava vislumbrando há dois anos.
A FRASE
O NÚMERO
4
Foram as medalhas conquistadas nos Jogos de Tóquio-2020 só nesta terça-feira, maior número até agora num mesmo dia. O recorde é de seis medalhas, em um dia 22 de agosto nos Jogos de Pequim-2008