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Tóquio 2020

Ofurô Olímpico #5: Simone Biles nos lembrou que ela é um ser humano

Ao desistir de disputar duas finais para preservar sua saúde mental, a ginasta americana coloca na mesa uma discussão mais do que necessária

Simone Biles ginástica artística
Simone Biles não pensou duas vezes em abrir mão de uma medalha olímpica para preservar sua saúde (Ricardo Bufolin/Panamerica Press)

Não é de hoje que se fala sobre a necessidade de ter um cuidado especial para a saúde mental do atleta. E justamente no evento esportivo mais badalado como os Jogos Olímpicos foi que o tema passa a ser discutido com atenção. Tudo graças à maior estrela do esporte mundial no momento, a ginasta americana Simone Biles. Ao ter coragem de desistir de participar de duas finais, uma delas nesta quinta-feira (29), a do individual geral da ginástica artística, Biles quebrou um muro que parecia instransponível. Sim, mesmo superatletas como Simone Biles são humanos.

Durante a final por equipes, na terça (27), a ginasta americana desistiu logo após falhar na execução de um salto. Uma falha comum a todos os atletas, menos para ela. A primeira desculpa de federação americana era de suspeita de lesão, que pouco depois foi negada pela própria Simone Biles.

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“Tenho que focar na minha saúde mental. Acho que a saúde mental é cada vez mais importante nos esportes nesse momento. Temos que proteger nossas mentes e corpos e não só sair e fazer o que o mundo quer que façamos. Não somos apenas atletas, somos pessoas”, disse a ginasta americana, candidata a estrela máxima dos Jogos de Tóquio-2020.

Eis que nesta quarta-feira, a USA Gymnastics informou que Biles também não irá competir na final do individual geral, que será nesta quinta-feira pela manhã. Uma verdadeira bomba!

A decisão radical de não tentar uma nova medalha de ouro mostra um ato de extrema coragem da estrela americana. Joga ainda na mesa uma discussão necessária e que há muito precisa ser feita. Estamos preocupados com a saúde mental dos atletas?

À primeira vista, parece claro que nunca houve a preocupação de colocar o tema em discussão. No caso de Simone Biles, há agravantes que vão além da pressão excessiva em atingir todas as expectativas de que ela seja a estrela dos Jogos de Tóquio. Não podemos esquecer que ela foi uma das vítimas do mostro chamado Larry Nassar, o médico que abusou de dezenas de ginastas americanas durante anos, sob conivência de dirigentes americanos.

Triste ironia é que a fragilidade emocional do maior nome da ginástica artística da atualidade poderá ajudar na conquista de uma medalha (talvez de ouro) da incrível Rebeca Andrade. Preferia ver Rebeca superando a estrela Simone Biles dentro do ginásio, sem os problemas de saúde mental que a tiraram de ação dos Jogos de Tóquio. Espero que momentaneamente.

Medalha com bônus triplo

O feito de Hidilyn Diaz, do levantamento de peso, que conquistou em Tóquio a primeira medalha de ouro olímpica das Filipinas, rendeu a ela mais do que um lugar na história do esporte de seu país. A campeã da categoria 55 kg, que quebrou um jejum de 97 anos de vitórias em participações nos Jogos, rendeu um prêmio de US$ 660 mil (R$ 3,3 milhões) e uma casa, dados pelo governo. Mas ela ainda recebeu de um milionário filipino uma casa em um condomínio na cidade turística de Tagaytay, a 60 km de Manilla, capital do país.

A FRASE

“O árbitro, se a gente não define, ele tem que definir. E quem tiver um pouco mais de iniciativa, vai levar. Não foi culpa dele. Eu tinha que ter sido mais agressiva, imposto mais o ritmo, por mais que não fosse efetiva, que foi o que ela fez e acabou levando.”

Judoca brasileira Maria Portela, que após a derrota para a russa Madina Taimazova no golden score, que durou quase dez minutos e mesmo tendo sido prejudicada pelos árbitros, que não anotou um wazari que teria decido o combate a seu favor.

O NÚMERO

3.177

Foram os novos casos de Covid-19 em Tóquio nesta quarta-feira. O dado representa um novo (e triste) recorde da pandemia na sede dos Jogos Olímpicos, que vê uma rápida disseminação da variante delta do coronavírus, muito mais contagiosa.

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