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Tóquio 2020

Ofurô Olímpico #4: feito histórico no surfe não merece espaço para polêmica

O barulho causado pela nota de rival japonês que tirou Gabriel Medina na disputa do ouro é irrelevante diante do feito de Ítalo Ferreira

Italo Ferreira Surfe Jogos Olímpicos de Tóquio
Italo Ferreira comemora a inédita conquista da medalha de ouro no surfe em Jogos Olímpicos (Jonne Roriz/COB)

É muito bom quando presenciamos um momento realmente histórico no esporte. A conquista da medalha de ouro de Ítalo Ferreira no surfe, definida na madrugada desta terça-feira (27) na Jogos de Tóquio-2020, ficarão marcadas para sempre na história das Olimpíadas, pois foi a primeira medalha de ouro desta modalidade, que estreou no programa olímpico este ano. Por isso, me parece totalmente ilógico que se gaste energia discutindo se Gabriel Medina foi roubado ou não na semifinal contra o japonês Kanoa Igarashi.  

Não irei entrar no mérito técnico se as notas foram aplicadas corretamente ou não. Ou se colocar a mão na prancha na hora de dar um aéreo diminuí o peso de uma nota ou não. Afinal de contas, não sou jornalista especialista, não sou surfista, enfim, sou apenas um jornalista esportivo com algum conhecimento do mundo olímpico.

Por experiência, é preciso dizer que esportes que são decididos por avaliação de jurados estão passíveis a decisões erradas e injustas. A chegada das novas modalidades ao movimento olímpico, como surfe e skate, apenas amplifica essa questão inconveniente que o chato de plantão aqui colocou em discussão.

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O que eu vi nesta madrugada nas redes sociais, e ainda reverbera, foi uma vergonha. No tribunal impiedoso do Twitter, por exemplo, há um complô japonês contra os brasileiros. E dá-lhe frases com conotações xenófobas e racistas.

Como tudo sempre pode piorar, Yasmin Brunet, mulher de Medina que ele exigia que o acompanhasse em Tóquio como seu estafe técnico, fez uma live onde pedia aos seguidores para entrarem nas redes sociais do COB (Comitê Olímpico do Brasil) e da CBSurfe (Confederação Brasileira se Surfe) exigindo que entrassem com recurso para anular a última nota do rival japonês.

Precisou o COB divulgar, em nota, o regulamento da competição, mostrando que não existe contestação de nota de jurados nas competições de surfe! E fica aqui uma provocação: se a polêmica nota fosse inversa, a favor de Medina, haveria toda essa gritaria por aqui? Claro que não.

Deixem o mimimi de lado e exaltem a conquista de Ítalo Ferreira, que entrou para sempre na história olímpica.

Recorde indesejado

Enquanto o COI (Comitê Olímpico Internacional) segue divulgando o número baixo de casos de Covid-19 de pessoas envolvidas com os Jogos – apenas 0,02% em mais de 230 mil testes diários – a cidade de Tóquio quebrou um triste recorde nesta terça-feira. Foram registrados 2.848 novos casos de Covid na capital japonesa, superando a maior marca anterior, que era de 7 de janeiro. A nova variante delta do vírus começou a aumentar o número de infectados pouco menos de uma semana de abertura oficial dos Jogos Olímpicos.

E havia dirigente do COI que sonhava em ter público nas arenas na segunda semana dos Jogos, né?

A FRASE

“Tenho que focar na minha saúde mental. Acho que a saúde mental é cada vez mais importante nos esportes nesse momento. Temos que proteger nossas mentes e corpos e não só sair e fazer o que o mundo quer que façamos. Não somos apenas atletas, somos pessoas.”

Simone Biles, ginasta dos Estados Unidos, que na final por equipes abandonou a competição após errar na prova do salto sobre a mesa da ginástica artística.

O NÚMERO

25

Anos da primeira medalha de ouro na história olímpica do vôlei de praia, conquistada, pela dupla brasileira Jackie Silva e Sandra Pires, na Olimpíada de Atlanta-1996. Foi num 27 de julho, assim como a vitória de Ítalo Ferreira. E por coincidência, também em um esporte que estava estreando como esporte olímpico.

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