Finalmente chegou o grande dia! Com um ano de atraso, os Jogos Olímpicos de Tóquio terão sua cerimônia de abertura acontecendo daqui a pouco mais de uma hora. Para acabar com todos os boatos de que eles não aconteceriam, diante dos problemas causados pela pandemia do coronavírus e pela rejeição de uma parte da população japonesa.
Claro que a Olimpíada não acontecerá da forma como todos queriam. Sem público, mesmo local, serão Jogos quase que exclusivamente pela televisão. Mas sempre terá o brilho de uma Olimpíada.
O texto abaixo foi de uma coluna que escrevi como convidado para o jornal “O Estado de S. Paulo”, onde analiso estes Jogos Olímpicos problemáticos que começam nesta sexta-feira (23) e a oportunidade incrível que o esporte olímpico do Brasil tem para fazer uma campanha histórica.
Parece incrível, muita gente chegou a duvidar que aconteceria. Mas a Olimpíada de Tóquio, que terá sua abertura oficial nesta sexta-feira (23), já começa histórica desde a largada. Nem o mais pessimista dos mortais poderia prever que uma pandemia, que praticamente parou o mundo, iria adiar por um ano a festa olímpica que os japoneses tanto festejaram ao conquistar o direito de organizá-la, lá em 2013.
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Poucos também poderiam prever, embora seja completamente compreensível, que uma parcela considerável da população local fosse favorável ao cancelamento dos Jogos, em razão do aumento no número de casos de Covid-19, principalmente ao longo deste ano. Nem o simbólico revezamento da tocha olímpica escapou ileso deste sentimento de rejeição, com muitos trechos cancelados, feitos sem público ou em locais fechados. Mesmo com tantos percalços, o Japão seguiu em frente. Só pela Olimpíada acontecer, mesmo de uma forma estranha, sem público e sob ameaça constante do coronavírus, já é um feito digno de aplausos.
E será esta Olimpíada cheia de protocolos, da máscara obrigatória e do distanciamento social que tem tudo para ficar marcada na história do esporte olímpico brasileiro. Pois é possível que no próximo dia 8 de agosto, data de encerramento de Tóquio-2020, tenhamos testemunhado a melhor campanha do Brasil em Jogos Olímpicos em termos de medalhas conquistadas. O patamar de 19 medalhas, atingido há cinco anos, na Rio-2016, tem boas chances de ser superado, mesmo que por uma diferença mínima.
As previsões de institutos de estatística e de publicações especializadas indicam que o Time Brasil alcançará em Tóquio a marca de 20 medalhas. O que seria excelente, considerando todos os problemas que o esporte brasileiro enfrentou nos últimos 16 meses, quando a pandemia do coronavírus começou.
Os atletas brasileiros sofreram também por não encontrar condições para seguir com os treinamentos. Clubes e centros de treinamento fechados impuseram um desafio extra em uma caminhada marcada por incertezas, além de complicações para os que acabaram contaminados pela Covid. A grande maioria pegou a doença na forma leve, mas casos como os de Bruno Schmidt, jogador do vôlei de praia, e do técnico da seleção brasileira masculina de vôlei, Renan Dal Zotto, que ficaram na UTI e correram risco de morte, mostram que foram tempos complicados.
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Ainda assim, o COB (Comitê Olímpico do Brasil) já conseguiu bater o seu primeiro recorde antes mesmo da cerimônia de abertura começar, ao enviar a maior delegação do país para uma edição olímpica no exterior, com 302 atletas. Sem contar obviamente a Olimpíada passada, disputada em solo nacional e que teve 465 representantes, a maior equipe nacional enviada para os Jogos Olímpicos havia sido em Pequim-2008, com 277 atletas.
Para superar sua segunda meta, a de mais medalhas conquistadas, o Brasil terá um reforço de dois estreantes no programa olímpico, o surfe e o skate, com estrelas como Gabriel Medina e Ítalo Ferreira, no surfe, e Letícia Bufoni, Pâmela Rosa, Rayssa Leal, Pedro Barros, Luiz Francisco e Kelvin Hoefler (skate). Dificilmente essa turma voltará para casa de mãos vazias.
Somado a eles, temos outros fortes candidatos à medalha. Estão nesta lista Ana Marcela Cunha (maratona aquática), Bia Ferreira (boxe), Isaquias Queiroz (canoagem velocidade), Ana Sátila (canoagem slalom) Martine Grael e Kahena Kunze (vela), Darlan Romani e Alison dos Santos (atletismo), Rafael Silva e Mayra Aguiar (judô), além das duplas de vôlei de praia e as seleções de vôlei e futebol. Isso para não falar em alguma medalha inesperada que sempre aparece para o Brasil em todas as edições. Como se vê, não faltarão motivos para acompanhar nas próximas madrugadas uma Olimpíada que já é histórica antes mesmo de começar.