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Tóquio 2020

Entre o otimismo e arrogância, COI vê Covid dentro da bolha olímpica

Enquanto Thomas Bach promete Jogos seguros e protegidos, Vila Olímpica registra três casos positivos. Nem integrante do COI escapou

Thomas Bach coletiva COI
Thomas Bach, presidente do COI, fala aos jornalistas no centro de imprensa de Tóquio neste sábado (Flickr COI/Greg Martin)

Parece incrível que quase um ano e meio de pandemia não serviram para que o COI (Comitê Olímpico Internacional) aprendesse a ter mais cuidado com declarações oficiais sobre a pandemia do coronavírus. Nos últimos dias, o presidente da entidade Thomas Bach vem esbanjando otimismo e dizendo que serão Jogos Olímpicos Tóquio-2020, que começam na próxima sexta-feira (23), serão seguros e protegidos.

Mas a realidade lhe joga na cara dois casos positivos confirmados de Covid-19 dentro da Vila Olímpica de Tóquio neste domingo (18). Para piorar, até mesmo um membro do COI testou positivo ao desembarcar na capital japonesa.

Na última quarta-feira (14), após um encontro oficial com o primeiro-ministro do Japão, Yoshihide Suga, o presidente do COI discursou para a imprensa, novamente mantendo o tom confiante de sucesso da Olimpíada. Nem mesmo a crescente onda de novos casos de coronavírus no Japão, com média superior a mil novos casos por dia, abalou o cartola alemão.

“Estes Jogos Olímpicos serão históricos, pela maneira como o povo japonês superou os desafios dos últimos anos, como o grande terremoto de 2011 e agora a pandemia”, disse Bach, assegurando que será uma Olimpíada segura e protegida.

O problema do eterno otimista é quando ele não quer ver a realidade. Ao cravar tamanha segurança nos protocolos criados para colocar os Jogos em frente, Bach esbarra em um arrogância perigosa.

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Neste domingo, o comitê organizador de Tóquio-2020 confirmou que dois atletas que já se encontram na Vila Olímpica testaram positivo para a Covid-19. Não foram fornecidas maiores informações a respeito da identidade ou nacionalidade destes atletas. Um dia antes, uma pessoa que trabalha na Vila também foi diagnosticada com a doença.

Sim, são apenas três, por enquanto. Mas ocorrem justamente na bolha mais rigorosa que estava prevista para o andamento seguro dos Jogos. É no mínimo preocupante que estes casos ocorram quando a Vila Olímpica ainda está longe de sua capacidade máxima.

Para piorar, ainda foi divulgado que um membro da Comissão de Atletas do COI, o sul-coreano Ryu Seung-min, ex-atleta olímpico do tênis de mesa, testou positivo assim que desembarcou no Aeroporto de Narita. Isso mesmo tendo tomado duas doses da vacina contra a Covid-19 e ter apresentado dois testes negativos antes de viajar para o Japão.

Ainda assim , o COI prefere olhar pelo lado do “copo meio cheio”. Segundo um levantamento da entidade, entre 1º e 16 de julho foram testadas 15 mil pessoas na chegada ao Japão, entre atletas, oficiais e outros credenciados, imprensa incluída. Destes, 15 tiveram resultado positivo para Covid, cerca de 0,1% dos testados, e foram imediatamente colocados em isolamento.

Seria bom que tanto organizadores quanto o COI entendessem que por mais completos que sejam, os protocolos não conseguem impedir o vírus de agir. Pegaria melhor ter um pouco mais de cuidado antes de sair fazendo declarações otimistas além do ponto necessário.

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