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Tóquio 2020

Fora de Tóquio-2020, basquete brasileiro precisa de uma reflexão profunda

Derrota da seleção masculina para a Alemanha deixará o Brasil ausente dos Jogos Olímpicos na modalidade pela primeira vez desde Montreal-1976

Brasil perde de Alemanha e fica fora dos Jogos Olímpicos de Tóquio
O armador Marcelinho Huertas lamenta erro da seleção brasileira na derrota para a Alemanha (Divulgação/Fiba)

Ainda é duro digerir que a seleção brasileira masculina de basquete não estará na Olimpíada de Tóquio-2020. Depois de uma campanha impecável no Pré-Olímpico de Split, onde venceu as três partidas anteriores – entre elas, a então favorita Croácia –, o time sucumbiu neste domingo (4), diante da Alemanha. Por mais que o torcedor esteja machucado e até revoltado com o desempenho ruim dos brasileiros, é preciso ter sangue-frio e tranquilidade para analisar que o placar de 75 a 64 dos alemães começou a ser construído muito antes, ainda no outro ciclo olímpico.

O ponto mais grave da eliminação do time comandado por Alexandar Petrovic vai além da derrota em Split. Os Jogos de Tóquio serão o primeiro desde a edição de Montreal-1976 sem a presença de qualquer representante brasileiro em quadra.

Naquela ocasião, em um resultado considerado vexatório para uma equipe acostumada ao pódio nas competições internacionais, a seleção masculina foi eliminada no Pré-Olímpico de Hamilton (CAN). O basquete feminino fez sua estreia olímpica justamente em Montreal e a seleção brasileira também não esteve presente.

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Em Tóquio, o Brasil já não teria a participação da equipe feminina, que também sofreu uma desclassificação doída no Pré-Olímpico da França, ainda no ano passado. Também não conseguiu vaga no estreante basquete 3×3, no qual o time masculino deixou escapar a vaga em uma derrota apertada para a França, no Pré-Olímpico da Áustria, em maio.

O retrato triste que o basquete brasileiro apresenta ao final deste ciclo olímpico nada mais é do que resultado do verdadeiro estado de miséria em que foi jogada a modalidade no período que antecedeu os Jogos Rio-2016. Fosse este um país sério e algumas pessoas estariam bem encrencadas na Justiça, tamanho o descalabro que ocorreu na CBB (Confederação Brasileira de Basquete), comandada à época por Carlos Nunes, de triste memória.

Mudança de filosofia

Ao assumir uma entidade literalmente falida, suspensa pela Fiba (Federação Internacional de Basquete) e sem poder receber recursos públicos diretamente, o atual presidente Guy Peixoto até que fez milagre. Ainda deixa a desejar na questão de buscar patrocinadores que deem sustentação financeira à CBB.

Mas o momento não é de se fazer uma caça às bruxas. Petrovic errou ao rodar pouco o time insistir com atletas que estavam em uma jornada ruim neste domingo? Certamente. Mas foi o mesmo comandante que armou sua equipe de forma eficiente para não deixar a Croácia jogar na última quinta-feira. Tem mérito nisso, ora bolas. Resultadismo e críticas fora do tom servem apenas para as redes sociais.

Há sim boas perspectivas para o futuro da modalidade. E para isso tem que se pensar na manutenção do trabalho. Como aliás já está sendo feito no feminino, após a renovação do contrato do ótimo José Neto. O ciclo para Paris-2024 deverá apresentar como desafio na seleção masculina a saída de importantes veteranos como Alexa Garcia, Anderson Varejão, Marcelinho Huertas (talvez) e Rafael Hettsheimer. A presença de Petrovic para comandar essa reformulação me parece fundamental.

Por fim, um recado para quem tem tendências a análises mais catastrofistas. O basquete brasileiro sobreviveu a ter a seleção masculina 16 anos fora das Olimpíadas. Certamente irá sobreviver a essa decepcionante ausência em Tóquio. Material humano temos de alta qualidade, basta ver o desempenho de nossos jogadoras e jogadoras nas diversas ligas internacionais. Sem contar o ótimo nível técnico mostrado no NBB e o trabalho promissor na LBF, a liga de basquete feminino. Só é preciso ter tranquilidade para reconstruir o caminho até os Jogos de Paris.

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