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Atletismo

Lee Evans, o campeão olímpico que lutou contra o racismo

Ouro nos 400 m dos Jogos do México, em 1968, velocista americano que usou o pódio para defender a igualdade racial morreu na última quarta

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Lee Evans, com a boina dos Panteras Negras, comemora o ouro dos 400m na Cidade do México-1968 (Reprodução/AP)

A notícia passou um tanto despercebida nesta semana, mas o esporte perdeu na última quarta-feira (19) uma importante voz na luta contra o racismo. Campeão olímpico nos 400 metros dos Jogos da Cidade do México-1968, o americano Lee Evans morreu na Nigéria, onde trabalhava como treinador de atletismo em uma equipe. Evans, de 74 anos, havia sofrido um derrame na semana anterior.

Na prova em que conquistou sua medalha de ouro, Evans bateu também o recorde mundial dos 400 m, com a marca de 43s86. Ele foi o primeiro atleta a correr a distância abaixo dos 44 segundos na história.

Reveja como foi a vitória de Lee Evans nos Jogos de 1968, no México

O tempo do velocista americano foi tão impressionante que seu recorde só foi quebrado 20 anos depois, pelo compatriota Butch Reynolds (43s29). No México, ele ainda ganharia uma outra medalha de ouro, integrando a equipe americano no revezamento 4 x 100 m.

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Os feitos esportivos de Lee Evans, com certeza espetaculares, são tão ou mais importantes do que o papel que ele exerceu fora das postas, na luta contra o racismo.

Nos Jogos do México, ficaram marcadas na história as figuras de Tommie Smith e John Carlos. Os medalhistas americanos nos 200 m ergueram os punhos e usaram luvas negras no pódio, repetindo o gesto dos integrantes do partido Panteras Negras, como forma de protesto contra a violência da polícia dos Estados Unidos à população negra. Por causa disso, os dois acabaram expulsos da Vila Olímpica e sofreram punições dos dirigentes americanos.

Protesto no pódio

Poucos se lembram, mas Evans também usou o pódio na Cidade do México para protestar contra o racismo. Ele e dois outros americanos que chegaram na frente (Larry James com a prata e Ron Freeman que levou o bronze) usavam as boinas típicas dos Panteras Negras e também ergueram os punhos no pódio. A diferença é que eles baixaram os punhos e tiraram as boinas quando o hino americano foi executado.

O gesto serviu para amenizar um pouco o clima dentro da delegação. Afinal, o protesto de Smith e Carlos havia ocorrido apenas dois dias antes.

Não se deve, porém, confundir a atitude de Lee Evans como uma espécie de capitulação ao “sistema”. Na coletivo após a premiação, ele não aliviou nas palavras. “Sinto que ganhei este medalha de ouro para os negros dos Estados Unidos e para os negros ao redor do mundo”.

Os anos seguintes mostraram a importância de Evans na luta pela igualdade racial. Em 1991, ele recebeu o Prêmio Nelson Mandela, destinado aos que defendem os valores aos direitos humanos contra o apartheid e qualquer forma de racismo.

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