Era para ser mais uma das rotineiras e às vezes enfadonhas entrevistas coletivas do COI (Comitê Olímpico Internacional), na última quarta-feira (12). Após reunião do comitê executivo da entidade, o porta-voz Mark Adams passava atualizações sobre os preparativos para os Jogos Tóquio-2020. Quando foi aberta a sessão de perguntas dos jornalistas, a pasmaceira saiu de cena com um inesperado protesto contra a realização da Olimpíada.
Identificado como David O’Brien, supostamente repórter do “Yahoo”, o manifestante, assim que entrou ao vivo, mostrou um cartaz com a mensagem “Nenhuma Olimpíada em Tóquio”. Antes de ser derrubado da transmissão, teve tempo de falar “nenhuma Olimpíada em lugar nenhum, fodam-se as Olimpíadas” e “sem Olimpíadas em LA (Los Angeles-2028), sem Olimpíadas em Tóquio”.
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O protesto foi assumido pelo grupo NOlympicsLA, contrário aos Jogos de Los Angeles-2028, que inclusive avisou sobre a intenção de fazer novas manifestações. “Estamos ficando cada vez mais barulhentos. Queremos que eles saibam que as pessoas estão furiosas com suas decisões insensíveis e que ameaçam a vida”, disse o grupo, em sua conta no Twitter.
O COI até encarou com bom humor a invasão na coletiva. Depois de derrubar a conexão, Mark Adams disse que o manifestante deve ter ficado desapontado com a ausência de Thomas Bach, presidente do COI, na coletiva. “Isso teria tornado aquela cena um pouco mais interessante”, brincou o porta-voz.
Sem medo de protestos
Sarcasmo à parte, o COI aparentemente não está dando muita bola para as manifestações contrárias à realização de Tóquio-2020, em razão do estágio da pandemia do coronavírus no Japão. “Não somos guiados pela opinião pública. Tudo está nos mostrando que os Jogos podem prosseguir e irão adiante”, disse Adams, que acrescentou que o evento deixará o povo japonês orgulhoso.
“Estou confiante de que veremos a opinião pública amplamente favorável à Olimpíada”, afirmou.
Não é o que mostram neste momento as pesquisas de opinião. Um levantamento recente feito pela imprensa japonesa dava conta que 60% da população é contrária à realização e pedem o cancelamento dos Jogos.
Embora a tendência seja de que a onda contrária permaneça firme, nada indica que ultrapassará as fronteiras das redes sociais.
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Um grupo que representa 100 médicos que atuam em diversos hospitais japoneses afirmou se opor à Olimpíada pelo momento atual da pandemia. Apenas 2% da população japonesa já tomou ao menos uma dose da vacina contra a Covid-19 e teme-se um colapso no sistema hospitalar com a chegada de pessoas dos mais diversos lugares do mundo durante os Jogos.
Ainda assim, trata-se de um movimento bem restrito e pouco barulhento, de modo geral. No último domingo (9), durante o evento-teste de atletismo, um grupo de apenas 100 pessoas fez um protesto do lado de fora do Estádio Olímpico de Tóquio, sem maiores incidentes.
Pode ser que o clima anti-Jogos siga nesta toada e acabe sendo engolido pela empolgação natural de uma Olimpíada, mesmo esta edição sendo tão singular. Mas seria bom o COI se precaver para não ser vítima de uma outra pegadinha constrangedora para sua própria imagem.