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Tóquio 2020

Entre protestos e abaixo-assinados, Japão luta contra rejeição olímpica

Petição com mais de 200 mil assinaturas pede cancelamento de Tóquio-2020, enquanto hospital da cidade implora: “Pare a Olimpíada”

Anéis olímpicos Tóquio
Críticas e protestos em Tóquio seguem em alta, faltando menos pouco menos de três meses para os Jogos Olímpicos (Reprodução)

A reta final para o início da Olimpíada Tóquio-2020 vem sendo uma prova de resiliência aos seus organizadores. Em razão do aumento de casos de Covid-19 nas últimas semanas no Japão, a pressão no país para que os Jogos tenham um novo adiamento ou até mesmo o cancelamento não pode ser considerada desprezível.

Os apelos mais dramáticos são justamente de quem vem sentindo diretamente os efeitos da pandemia do coronavírus. Representantes do sistema de saúde do Japão encabeçam boa parte dos protestos. A revolta aumentou quando foi noticiado que o governo convocaria médicos e enfermeiras para encorparem o grupo de saúde durante os Jogos de Tóquio. Detalhe: como trabalho voluntário.

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No último sábado (8), o Japão registrou 6.054 novos casos e 113 mortes, segundo o site worldometers.info. A média de novos casos nos últimos sete dias se manteve na casa de 5 mil. Preocupante, para dizer o mínimo.

Diante deste quadro, os médicos do Hospital Tachikawa Sogo resolveram protestar colocando nas janelas mensagens pedindo para que a Olimpíada não aconteça, ao menos agora. “A capacidade médica atingiu seu limite. Para as Olimpíadas”, dizia o texto da mensagem, que foi registrada pelo jornal japonês “The Asahi Shimbum”.

Tóquio 2020 protesto hospital
O Hospital Tachikawa Sogo expôs em suas janelas cartazes pedindo pelo cancelamento da Olimpíada (Reprodução/The Asahí Shimbum)

O protesto foi comandado pelo próprio diretor do hospital, Masaya Takahashi, que lamentou ter que fazer isso diante do esforço dos atletas japoneses em sua preparação aos Jogos.

“É doloroso fazer isso sempre que penso nos atletas que realizam esforços inimagináveis e no comitê organizador que vem trabalhando muito duro. Porém, a Olimpíada pode fazer com que o vírus se espalhe ainda mais. Não tenho escolha a não ser me opor a isso”, afirmou Takahashi ao “The Asahi Shimbum”.

Protesto online

Os protestos contra a Olimpíada de Tóquio também chegaram ao mundo online. Um abaixo-assinado criado na semana passada no site Change.org pede o cancelamento dos Jogos Olímpicos “para proteger as vidas no Japão”. Em apenas dois dias, mais de 200 mil pessoas assinaram a petição, dirigida a Thomas Bach, presidente do COI (Comitê Olímpico Internacional), a Andrew Parsons, presidente do IPC (Comitê Paralímpico Internacional), além de autoridades públicas do Japão e do comitê organizador.

Vale ressaltar, contudo, que o abaixo-assinado digital tem um claro viés político. Ele foi lançado por Kenji Utsunomiya, derrotado por Yuriko Koike na eleição para o governo de Tóquio no ano passado. Na campanha, ele já se mostrava abertamente contrário à realização dos Jogos mesmo com o adiamento em um ano.

“A disseminação de novas infecções por coronavírus não parou, não apenas em Tóquio, mas também em várias partes do Japão e ao redor do mundo até hoje”, escreveu Utsunomiya no Change.org. “A vacinação, que começou no final do ano passado, atualmente só está difundida em algumas áreas, como Europa e Estados Unidos, e não é o fator decisivo na prevenção da infecção. Nessas circunstâncias, é extremamente difícil pensar que as Olimpíadas e Paralimpíadas de Tóquio possam ser realizadas com segurança em julho deste ano”, disse o político.

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Kenji Utsunomiya disse que pretende entregar pessoalmente a petição para Thomas Bach, que a princípio tem uma visita marcada ao Japão em 17 de maio, quando o revezamento da tocha olímpica passará pela cidade de Hiroshima. Porém, há dúvidas se o dirigente alemão conseguirá cumprir o combinado. Isso em razão do estado de emergência no Japão diante do estágio atual da pandemia. A previsão é que o status seja revogado na próxima terça-feira (11), mas já se fala em novo prolongamento.

Como diria o grande Galvão Bueno, vive um drama os Jogos Olímpicos.

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