Com menos de três meses para a abertura dos Jogos Olímpicos de Tóquio, importantes competições estão sofrendo desfalques consideráveis em seus participantes. O motivo, que não deveria surpreender ninguém, é a pandemia do coronavírus, que a despeito da vacinação avançando em muitos países, segue firme e forte. Marcado para o próximo final de semana (1 e 2 de maio), em Silésia, na Polônia, o Campeonato Mundial de Revezamentos de atletismo é a competição com mais abandonos.
Trata-se de um evento relevante no calendário, até porque é qualificatório para Tóquio-2020. O time do 4 x 100 metros feminino do Brasil, por exemplo, buscará sua vaga olímpica nesta competição.
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Mas as restrições de viagem em razão da pandemia, além das preocupações com a saúde da equipe fizeram com que a Jamaica, uma potência no atletismo nas provas de velocidade, anunciasse a desistência do Mundial de revezamentos na última sexta-feira (23). Segundo a federação jamaicana de atletismo, as condições de viagem são “extremamente desafiadoras para seus atletas e oficiais”. Por isso, optou em abrir mão de disputar o evento, mesmo sendo qualificatório para a Olimpíada.
No sábado (24), foi a vez do Canadá anunciar sua desistência. A federação canadense justificou a decisão em função da situação da Covid-19 na Polônia (9.510 casos e 513 mortes nas últimas 24 horas) e os riscos associados às viagens neste momento. “A segurança de nossos atletas, treinadores e equipe é nossa maior prioridade”, afirmou Simon Nathan, diretor de alto rendimento da federação. Outra baixa anunciada previamente foi da delegação da Austrália.
A decisão de abdicar da participação pode causar efeitos também no atletismo dos Jogos de Tóquio. Pelo regulamento, o Mundial de Revezamentos de Silésia seria a última oportunidade de classificação nos revezamentos. A Jamaica, por exemplo, não tem vaga assegurada no 4 x 100 m masculino. Já o Canadá está fora, por enquanto, do 4 x 100 m feminino. A Austrália, por sua vez, não tem vaga em nenhum dos revezamentos ainda.
A esperança para eles é torcer para que países já classificados fiquem entre os oito primeiros no Mundial. Desta forma, abriam vagas que serão definidas via ranking mundial, cuja data final de divulgação será 1º de julho. Mas, ao menos para jamaicanos, canadenses e australianos, isso é menos grave do que encarar os riscos do coronavírus.
Falta de segurança
A alegação de risco à saúde foi a justificativa que a federação de saltos ornamentais da Austrália utilizou para anunciar sua desistência da Copa do Mundo da modalidade marcada para Tóquio, entre os dias 1º e 6 de maio. A decisão acabou com as chances da dupla Anabelle Smith e Maddison Keeney de se classificarem para a Olimpíada. Elas foram bronze nos Jogos Rio-2016 na prova do trampolim sincronizado 3 m.
“Perder a oportunidade de se classificar para os Jogos Olímpicos devido a decisões que se opõem a um dos próprios princípios do ‘jogo limpo’ do olimpismo, é verdadeiramente devastador”, escreveu Anabelle Smith em um post no Instagram, assim que soube da decisão. “Absolutamente desapontada por termos que sair do evento, porém mais desapontada com a Fina e sua decisão de seguir em frente com esta Copa do Mundo”, disse Maddison Keeney também em sua rede social.
Se alguém ainda tinha dúvidas sobre os efeitos da pandemia do coronavírus causando um desequilíbrio técnico nos Jogos de Tóquio, os exemplos acima são bastante esclarecedores e autoexplicativos.