A nova polêmica envolvendo a Olimpíada de Tóquio-2020, pelo cancelamento da Copa do Mundo de saltos ornamentais, que serviria de pré-olímpico mundial, marcado para os dias 18 e 23 deste mês na capital japonesa, é bastante significativa. O racha entre a Fina (Federação Internacional de Natação) e o comitê organizador dos Jogos Olímpicos após a dura carta divulgada pela entidade na última quinta-feira (1) vai além das questões de política esportiva. Mostra que muitos adotaram uma espécie de “negacionismo” ao não perceberem que esta será uma Olimpíada diferente de qualquer outra.
Em resumo, a chave de todo o imbróglio é o dinheiro.
Na pouco simpática correspondência, assinada pela diretora executiva interina Marcela Saxlund, a Fina expôs claramente seu descontentamento com a responsabilidade de ter que arcar com os custos adicionais para a realização da Copa do Mundo, em razão das contramedidas de segurança para evitar contaminações contra a Covid-19.
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A competição aconteceria no centro aquático de Tóquio e serviria como evento-teste da instalação olímpica. Segundo os organizadores, testes PCR para atletas e integrantes das delegações, além de outros custos, teriam que ser bancados pela Fina.
A entidade também reclamou duramente das exigências da quarentena de três dias antes do embarque das delegações para o Japão, pois isso implicaria em um custo extra que estaria causando desistências. Reclamaram ainda que várias federações internacionais estavam encontrando dificuldade para obter os vistos de entrada junto às embaixadas do Japão.
Ou seja, a Fina está esperneando porque o Japão está apenas preocupado em seguir as mais rigorosas regras sanitárias para impedir uma implosão de novos casos de coronavírus. Alguns não entendem, mas países responsáveis encaram a pandemia como algo sério e não como uma gripezinha (sim, a frase contém ironia).
Desde o momento em que o COI (Comitê Olímpico Internacional) e o comitê organizador resolveram seguir em frente com a realização dos Jogos de Tóquio-2020, já estava claro que seriam inúmeros obstáculos enfrentados para todos. Inclusive nos processos de qualificação, que ainda não estão encerrados totalmente e podem nem acabar. Mais uma dor de cabeça à vista?
Outras brigas
Por fim, o histórico da Fina também não ajuda muito. A entidade tem um nível de exigência em eventos olímpicos que não cabe nos tempos atuais. Quem tem boa memória irá lembrar das brigas com o comitê organizador da Olimpíada Rio-2016, exigindo a instalação de ar-condicionado na piscina olímpica e a construção de uma piscina exclusiva para o polo aquático. Chiou, esperneou, mas não teve nenhum dos pedidos atendidos.
Cabe aos dirigentes buscar alguma solução rápida para encontrar um país que possa receber este pré-olímpico de saltos ornamentais. Mas outros problemas podem aparecer em breve. A seletiva do nado artístico também está marcada para Tóquio, entre 1º e 4 de maio. Já entre 29 e 30 de maio, haverá a seletiva olímpica mundial da maratona aquática, na cidade de Fukuoka.
A hora é para buscar soluções e não perder tempo com notas desaforadas que ignoram a dura realidade que o mundo inteiro vive.