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Tóquio 2020

Fala machista de cartola é tudo o que Tóquio-2020 não precisava lidar

Em meio às incertezas sobre os Jogos, reunião tentará uma solução para as desastradas declarações do presidente do comitê organizador, Yoshiro Mori

Yoshiro Mori
Yoshiro Mori pediu desculpas por declarações ofensivas às mulheres, mas a pressão por sua renúncia é forte (Reprodução/Japan Times)

Nova onda da pandemia de coronavírus, estado de emergência no Japão até o final do mês e indefinição sobre a realização da Olimpíada de Tóquio-2020. Este cardápio, que solitariamente já seria enlouquecedor, tornou-se ainda pior na semana passada. As declarações machistas do presidente do comitê organizador dos Jogos, Yoshiro Mori, repercutem de forma ruidosa no Japão. E a crise parece estar longe do fim.

A fala desastrada do veterano dirigente de 83 anos, que inclusive já foi primeiro-ministro japonês, deflagrou uma crise ética e política. O atual chanceler, Yoshihide Suga, e Yuriko Koike, governadora de Tóquio, condenaram publicamente o dirigente, dizendo que seus comentários eram inadequados.

Toda confusão começou quando Mori afirmou na última quarta-feira (3), durante uma reunião no Comitê Olímpico Japonês, que “as mulheres tendem a fala muito nas reuniões porque têm um forte senso de rivalidade”.

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A reação negativa foi imediata e pesada. Além de uma campanha pesada pedindo sua renúncia pelas redes sociais, uma petição online com mais de 140 mil assinaturas solicitava que o governo japonês tratasse da crise com mais atenção.

A agência de notícias “Kyodo News” publicou uma pesquisa no final de semana, na qual 60% das pessoas acreditam que Mori não está qualificado para continuar no cargo

Apesar da pressão popular, é improvável que dirigente peça demissão.

Reunião de emergência

Ex-presidente da federação de rúgbi japonesa, Mori é considerado personagem fundamental para garantir a realização de Tóquio-2020, mesmo em meio à pandemia. Ele ocupa a presidência do comitê organizador dos Jogos desde 2014 e tem ótimo trânsito com o mandachuva do COI (Comitê Olímpico Internacional), Thomas Bach.

Após as declarações machistas, Yoshiro Mori fez um pedido formal de desculpas. Contudo, as reações seguiram negativas. Por isso, uma reunião de emergência será realizada até o final desta semana para encontrar uma solução para limpar a imagem do veterano cartola.

Isso seria, segundo uma fonte ouvida pelo jornal “Japan Times”, a solução para evitar um impacto maior na Olimpíada. “Se ele se demitir, não haverá Olimpíada. Precisamos que ele continue”, disse a fonte do “Japan Times”.

Duro é saber que uma opção pragmática (a garantia da realização dos Jogos de Tóquio 2020) acabe empurrando para baixo do tapete uma questão tão séria como é o preconceito contra a mulher no esporte.

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