Neste sábado (23), estamos a seis meses da abertura oficial da Olimpíada de Tóquio-2020, que foi adiada em um ano por causa da pandemia do coronavírus. Todo esse cenário descrito no parágrafo anterior já carrega naturalmente um nível de ansiedade bem alto para quem está diretamente envolvido com o evento (atleta, treinador, dirigente, imprensa e até torcedor). Imagine acrescentar a este quadro uma notícia dando conta que o governo do Japão admite que os Jogos serão cancelados e só falta anunciar?
Um resultado devastador e preocupante, óbvio. Esse foi o que aconteceu após a divulgação da reportagem do jornal britânico “The Times” na última quinta-feira (21). A notícia, baseada em uma fonte anônima, sustenta que o governo japonês não vê condições seguras de organizar Tóquio-2020, em razão do aumento de casos de Covid-19 em todo mundo.
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A mesma fonte, que também não cravou a informação, diz que está sendo esperado o momento certo do anúncio. Além disso, os japoneses tentariam convencer o COI (Comitê Olímpico Internacional) a lhe conceder a sede da Olimpíada de 2032.
Segundo apuração do jornalista Silvio Lancelotti, em seu blog no portal R7, a fonte anônima é Taro Kono, rival político do primeiro-ministro Yoshihide Suga, embora ambos do mesmo partido (PLD, Partido Liberal Democrático).
Como esperado, tanto o governo do Japão, o comitê organizador local e o próprio COI desmentiram a notícia nesta sexta (22). Usou até um eufemismo bem contundente, ao classificar as informações do “The Times” como “categóricas inverdades”. Todos os envolvidos reafirmaram a confiança de que os Jogos acontecerão da forma mais segura possível.
No final das contas, o saldo que ficou após esta pequena guerra de narrativas foi uma derrota geral. A disseminação do sentimento de medo e insegurança desnecessário neste momento.
Cenário hoje não é de cancelamento
Não se trata, é bom ressaltar, de colocar em dúvida a informação do “The Times”, um periódico de enorme reputação. Mas o cenário que se desenha neste momento não parece ser de cancelamento dos Jogos Tóquio-2020. A impressão é que a tal fonte anônima não era tão confiável assim.
Da mesma maneira, não é possível acreditar 100% nas palavras da cartolagem do COI ou dos organizadores. São muitos interesses na mesa e me parece que falta um pouco mais de transparência para mostrar quais os cenários possíveis. Mesmo que fosse incluir o pior dos mundos, que seria mesmo o cancelamento.
Cravar agora qualquer desfecho é arriscado. Melhor do que criar falsas ilusões ou pânico desnecessário, deve-se ter tranquilidade e analisar com calma todos os cenários. Se realmente os Jogos Olímpicos acontecerem – e hoje acredito que irão acontecer -, serão completamente diferentes de tudo o que já vimos antes.