Os que acreditam em astrologia ou coisas do gênero sustentam que o período próximo a seu aniversário é o chamado “inferno astral”. Contratempos e dissabores aparecem em quantidade industrial na sua vida, para que, após completar mais um ano de vida, venha um período de bonança. Não tenho condições de atestar a verdade da tese. Mas é fato que a má fase do handebol brasileiro escancarou seu abandono agora, às vésperas do Mundial masculino, com simplesmente um surto de Covid-19 no time que teoricamente estaria se preservando do coronavírus.
Reunida desde 26 de dezembro em Rio Maior (POR), onde o COB (Comitê Olímpico do Brasil) mantém uma base avançada na Europa – e que foi palco da chamada Missão Europa ao longo de 2020 –, a seleção masculina do Brasil faz seu único estágio de treinamento para o Mundial do Egito. Isso em razão da verdadeira bagunça que tomou conta da CBHb (Confederação Brasileira de Handebol), em uma crise moral e financeira que foi asfixiando a modalidade aos poucos.
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Nunca é demais lembrar que a CBHb estava recentemente sob comando de Ricardo Souza, o Ricardinho, o primeiro vice-presidente da entidade. Ele assumiu o posto após o afastamento do veterano presidente Manoel Oliveira por mau uso de dinheiro público. O problema é que Ricardinho foi condenado por assédio sexual a uma funcionária da própria confederação, pelo Conselho de Ética do COB.
Manteve-se no cargo graças a uma liminar na Justiça Comum. Enfraquecido politicamente e sob a ameaça da modalidade ficar sem o apoio financeiro do próprio COB (na realidade, é quem paga as contas da CBHb), Ricardinho renunciou em dezembro. A eleição para escolha do novo presidente está marcada para 1º de fevereiro.
Desastre anunciado
É óbvio que uma entidade jogada à própria sorte não teria condições de fazer um planejamento minimamente decente para uma competição da importância de um Campeonato Mundial. Ainda mais em tempos de pandemia.
A isso, soma-se outro legado da (falta de) gestão da CBHb, que foi a troca incessante de treinadores da seleção masculina nos últimos meses. Por questões políticas, afetou diretamente a parte técnica. O que diminuí um pouco o impacto é justamente a qualidade do atleta brasileiro. Lembre-se que os principais jogadores do Brasil atuam basicamente nos clubes da Europa, principal polo do handebol mundial.
Diante de tanta desorganização dos cartolas, não surpreende esta explosão de casos de Covid-19 dentro da tal “bolha” da seleção brasileira em Portugal. Uma bolha furada, que aumentou de tamanho nesta terça (18), com o anúncio dos casos de Thiagus Petrus e do técnico Marcus “Tatá” Oliveira.
Sem a intenção de apontar o dedo ou culpados, é impossível negar que o protocolo de segurança fracassou. Convenhamos, não surpreende que isso ocorra no handebol, quando se recorda que a própria Liga Nacional nem teve o campeão conhecido, por uma infinidade de casos positivos.
Em um Mundial que começa nesta quarta (13) e será marcado pela Covid – República Tcheca e Estados Unidos anunciaram nesta terça que desistiram de participar por surtos em suas equipes –, o Brasil tem que torcer para o fim de novos casos até sua estreia, na sexta (15), contra a Espanha. Além disso, esperar que dentro da quadra, pelo próprio talento, os jogadores superem a cartolagem incompetente e façam uma campanha digna.