De forma oficial, o comitê organizador da Olimpíada de Tóquio-2020 anunciou nesta terça-feira (22) o orçamento final dos Jogos que foram adiados para 2021, em razão da pandemia do novo coronavírus. O custo do evento, incluindo aí os gastos com os procedimentos de segurança para evitar a infecção pela Covid-19, ficará em US$ 15,4 bilhões, ou R$ 79 bilhões.
Um número bem acima do que era previsto no dossiê de candidatura, em 2013, quando previam que a segunda Olimpíada em solo japonês custaria US$ 7,3 bilhões (R$ 37,4 bilhões, na cotação atual).
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Todos estes números já colocam a Olimpíada de Tóquio-2020 como uma das edições mais caras da história dos Jogos de Verão. Todavia, há divergências quanto ao grau do superlativo aplicado.
Um estudo da Universidade de Oxford, divulgado em setembro, apontou os Jogos do ano que vem como os mais caros de todos os tempos, deixando para trás a edição de Londres-2012. No entanto, o blog Curiosidades Olímpicas, aqui do Olimpíada Todo Dia, publicou em junho uma relação das dez mais caras Olimpíadas da história e nela Tóquio-2020 ocupa a terceira posição.
Primeiro ou terceiro lugar, isso pouco importa quando se tem os números à sua frente. Além disso, os organizadores tentam relativizar a quantidade de zeros na planilha. “Se você vê este orçamento como caro ou não, depende de como encara os Jogos”, disse e CEO do comitê organizador de Tóquio-2020, Toshiro Muto.
Rejeição à vista?
O que parece indiscutível é que os US$ 15 bilhões gastos para Tóquio organizar os Jogos em 2021 servirão como mais um argumento para aqueles que são contra a realização da Olimpíada.
No último dia 15, a rede de televisão NHK, uma das mais tradicionais no Japão, divulgou o resultado de uma pesquisa de opinião a respeito dos Jogos Olímpicos. Foram ouvidas cerca de 1.200 pessoas e o resultado não foi nada animador para os organizadores.
Pelo resultado da pesquisa, feita entre os dias 11 e 13 deste mês, 32% dos entrevistados defendiam que a Olimpíada fosse definitivamente cancelada. Boa parte das respostas certamente influenciada pelo aumento expansivo no número de casos de coronavírus no Japão nas últimas semanas.
Ainda pela pesquisa da NHK, 27% dos entrevistados disseram que o evento deveria acontecer normalmente, enquanto outros 31% defendiam que um novo adiamento fosse realizado. Esta hipótese está fora de cogitação de acordo com o COI (Comitê Olímpico Internacional).
Pesquisas de opinião costumam abranger um pequeno extrato do que pensa a população. Aliás, muitas vezes cometem erros de metodologia, e os resultados de eleições no mundo todo nos últimos tempos comprovam isso.
Porém, é necessário ficar atento aos sinais que esta pesquisa indica. O “não” japonês é extremamente significativo. A mistura de gastos exorbitantes com o medo da nova onda da pandemia pode sim manchar o brilho da Olimpíada de Tóquio. Gostemos ou não desta realidade.