O adiamento da Olimpíada de Tóquio para 2021, em razão da pandemia do coronavírus, colocou a rotina de atletas e treinadores de cabeça para baixo neste ano. Ainda assim, dentro do COB (Comitê Olímpico do Brasil), a avaliação é que os atletas brasileiros que estão classificados ou perto da vaga olímpica, fecharam a temporada melhores do que se imaginava, diante das dificuldades. Mas para garantir uma boa performance em Tóquio, os próximos sete meses serão fundamentais.
“Temos potencial para nos apresentarmos bem em relação ao que fizemos nos últimos anos. Será um período extremamente importante da nossa preparação, que vai de dezembro deste ano até maio e junho de 2021, que vai definir nossa possibilidade de performance até a Olimpíada”, afirmou Jorge Bichara, diretor de esportes do COB, em entrevista exclusiva ao blog Laguna Olímpico e ao Olimpíada Todo Dia, que será dividida em duas partes.
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Só que a este calendário, acrescente-se uma preocupação extra: o alerta para o aumento no número de casos de coronavírus. O COB vem monitorando uma base de quase 1.000 atletas com potencial de estar na Olimpíada e 62 deles (7%) já tiveram a Covid-19. Dois deles, cujos nomes não foram revelados, demoraram para recuperar a plena condição física.
“Estamos avaliando uma série de situações. Estamos trabalhando com alguns profissionais da área de infectologia para entender quais situações de risco e neste momento temos que pensar em cenários difíceis para avaliar determinados procedimentos. Ver o que precisa melhorar, revisar, substituir”, diz Bichara.
Logística complicada
Entre estes procedimentos que despertam atenção, está o da distribuição de uniformes para a delegação. “Toda esta operação implica em situações de possíveis trocas, por problema de tamanho que não se adequa, e às vezes você começa a trocar muito uniforme entre um e outro atleta. Isso foi identificado como condição de alerta para possível risco de contaminação. Estamos reavaliando algumas situações”, disse o diretor do COB.
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O cuidado também se estende até na fase de aclimatação dos atletas, quando chegarem ao Japão. “Talvez a gente tenha que manter algumas regras de distanciamento, ou até escolher um tipo de veículo determinado para que caibam mais pessoas com maior distanciamento entre todos. São detalhes que a gente tem que atentar neste momento de planificação. Espero não ter que implantar no período pré-Jogos, mas temos que estar preparados caso esta possibilidade apareça. Este planejamento está em constante avaliação”, afirmou Bichara.
Coronavírus e Olimpíada
O COB também acompanha de perto todas as atualizações de segurança feitas pelo comitê organizador dos Jogos de Tóquio-2020, que trabalha com os cenários mais diversos possíveis. “Eles nos apresentaram três cenários. Um extremamente restrito, com uma redução grande de circulação de pessoas, mesmo dentro da Vila, competições sem público, até um modelo de bastante flexibilização. Seria um cenário onde todos estariam vacinados, com público estrangeiro nas instalações esportivas. Eles vão dentro de um cenário pessimista ao mais otimista. Todos estes cenários considerando a presença do vírus” explicou Jorge Bichara. Ele vê um fator, porém, que atua a favor da Olimpíada.
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“Existem situações geográficas que possibilitam um controle mais confiável em relação ao coronavírus. É uma ilha distante, acessos mais restritos. Diferente do que ser um país com fronteiras com diversos outros países. Estão numa posição que propicia condições de controle da entrada de estrangeiros”, analisou o diretor do COB.
Mesmo em um cenário com mais restrições de circulação durante os Jogos Olímpicos, Jorge Bichara não acredita que o emocional dos atletas brasileiros seria afetado por causa disso. “O atleta que chega neste nível de disputa caracteriza sua condição pessoal e de preparação pela disciplina e obstinação em buscar um resultado. Entendo que se for essa a condição para participar da Olimpíada, o atleta irá se adequar. Quem não estiver disposto a isso, não está disposto a competir.”
Amanhã no blog: veja como o COB avaliou o desempenho técnico dos atletas brasileiros mesmo em um ano atípico como foi 2020 e a previsão para o nível técnico dos Jogos de Tóquio.