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Paris 2024

Sem aventuras, COI deixa Paris-2024 sustentável e histórica

Anúncio de programa esportivo traz poucas surpresas, confirma a entrada do breakdancing e alcança uma inédita igualdade de gênero

breaking dance emma misak
Sucesso na Olimpíada da Juventude de Buenos Aires em 2018, o breakdancing será esporte olímpico em Paris-2024 (Team Canada/Divulgação)

Não trouxe grandes surpresas o anúncio feito nesta segunda-feira (7) do programa esportivo da Olimpíada de Paris-2024. Como dito no post de ontem (6), a aposta por rejuvenescer os Jogos foi aprovada na reunião do Comitê Executivo do COI (Comitê Olímpico Internacional). A aguardada aprovação do breakdancing como esporte olímpico e a manutenção de modalidades mais conectadas com um público jovem que o COI pretende engajar para o futuro (escalada esportiva, skate e surfe) confirmou a tendência.

Também não foi uma grande surpresa a entrada da prova de canoagem slalom extreme, pedido feito pela ICF (Federação Internacional de Canoagem) e que há tempos vem recebendo muitas avaliações positivas de atletas e fãs da modalidade. Outra mudança até certo ponto surpreendente foi a retirada da marcha atlética de 50 km masculina, que dará lugar a um evento mista de marcha, ainda não definido.

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A princípio, foram até poucas mudanças diante da quantidade de solicitações feitas pelas federações internacionais. Mas se houve quem ficasse frustrado, eu vou na direção contrária e digo que o COI acertou em cheio ao fechar o programa anunciado desta maneira.

Vamos por partes:

1) O COI não embarcou em “aventuras” para modernizar o seu programa. Embora todas as sugestões tenham seus méritos e argumentos para entrar nos Jogos Olímpicos, haveria a necessidade de se fazer uma enorme costura em todo o calendário dos Jogos de 2024, para abrigar tantas novidades. Seria inviável.

2) A sustentabilidade da Olimpíada foi respeitada. Pode soar antipático aos que defendiam uma reformulação mais profunda, mas já era tempo do COI provar na prática que realmente quer transformar seu megaevento em algo sustentável. Não se ultrapassou o limite de 10.500 atletas, como a própria entidade havia prometido em junho deste ano. Isso foi muito importante. Ainda mais com os efeitos econômicos que a pandemia do coronavírus trará para o mundo, sustentabilidade é um ativo fundamental para o Movimento Olímpico.

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3) Ainda sobre a questão de gigantismo, os Jogos de 2024 apresentarão uma pequena redução de eventos. Enquanto a Olimpíada de Tóquio, no ano que vem, terá 339 provas, Paris-2024 terá 329. Pode parecer pouco, mas que terá efeitos positivos para as contas do evento.

4) Talvez a maior conquista apresentada nesta segunda foi que os Jogos de Paris-2024 trarão uma inédita igualdade de gênero. Pela primeira vez na história dos Jogos de Verão, um número idêntico de mulheres e homens brigarão pelas medalhas. 5.250 atletas de cada naipe. Para uma entidade extremamente conservadora como o COI, trata-se de um feito realmente importante.

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O saldo final desta segunda-feira ainda deixou uma ameaça a duas modalidades que estão patinando em sua governança. Levantamento de peso e boxe, com diversos problemas em suas federações internacionais e até mesmo no controle de doping em grandes eventos, foram confirmados mas sem a designação de provas. Cria-se até a dúvida se as duas modalidades permanecerão no programa daqui a pouco mais de três anos.

Teremos uma Olimpíada histórica e um pouco mais enxuta em Paris-2024 e isso precisa ser exaltado.

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