Para quem gosta de apostar, o momento é ideal. Nesta segunda-feira (7), o COI (Comitê Olímpico Internacional) deverá anunciar o formato definitivo do programa esportivo da Olimpíada de Paris-2024. Mesmo antes do anúncio oficial, já é possível assegurar que os Jogos na capital francesa representarão a guinada definitiva que o COI sonha para o movimento olímpico. O caminho em busca da “fonte da juventude” dos Jogos Olímpicos nunca esteve tão claro como agora.
De cara, os Jogos de 2024 já representarão uma considerável quebra de paradigma, com a entrada do breakdancing, sugestão do comitê organizador francês e que deve ser aprovada na reunião do Comitê Executivo do COI desta segunda-feira. Além dele, também devem ser aprovados skate, surfe e escalada esportiva, que farão sua estreia olímpica nos Jogos de Tóquio-2020, adiados para 2021.
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A opção em incluir eventos e modalidades que estejam mais ao gosto dos novos consumidores deste produto milionário chamado Jogos Olímpicos não é recente. Trata-se de ponto importante da famosa “Agenda 20+20”, que foi lançada pelo presidente do COI, Thomas Bach, logo que chegou ao poder, em 2013. Pesquisas realizadas pela entidade na última década sinalizavam a necessidade desta repaginada no programa esportivo, por causa da questão de qualidade esportiva como pela busca na igualdade de gênero na competição.
A busca pela tal “fonte da juventude”, já abordada por este blog há três anos, quando foram sugeridas mudanças para os eventos em Tóquio-2020, foi abraçada com entusiasmo por Paris-2024, ao radicalizar e propor a entrada do breakdancing no começo do ano passado. Para quem não sabe, a modalidade foi um dos grandes sucessos de público nos Jogos da Juventude de Buenos Aires-2018.
Limites de vagas
Além de aprovar a entrada das novas modalidades, o Comitê Executivo também analisará as mudanças propostas pelas federações internacionais aos Jogos que acontecerão daqui a menos de quatro anos. Contudo, será um verdadeiro jogo de xadrez (e porque não dizer, político) para adequar todas as sugestões apresentadas.
Para começar, há um desafio matemático. O próprio COI anunciou no último mês de junho que a Olimpíada de Paris-2024 terá no máximo 10.500 atletas, incluindo os novos esportes. Por isso, as possibilidades de mudanças profundas são bem limitadas.
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A questão econômica, graças à pandemia do coronavírus, também pode pesar nesta história. Há uma pressão da opinião pública francesa para que os Jogos sejam readequados com a nova realidade econômica mundial.
De qualquer maneira, teremos certamente algum as novidades, nem que para isso tenha que ocorrer algum corte no programa esportivo já conhecido.
A ICF (Federação Internacional de Canoagem), por exemplo, quer incluir a modalidade canoagem slalom extreme, que vem tendo boa aceitação de público e atletas. No entanto, como já tem 16 eventos de medalha, somando as modalidades slalom e velocidade, certamente terá que abrir mão de alguma prova já existente.
O obstáculo do limite de atletas também pode frustrar o handebol, que tenta emplacar a modalidade handebol de praia. Afinal, seriam cerca de 120 atletas a mais incluídos nos Jogos. Ou seja, esbarraria no problema de ultrapassar a cota estabelecida pelo COI.
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A ginástica quer incluir o parkour, uma modalidade que nasceu como método de treinamento do exército francês e que ficou famosa depois que foi exibida no filme “007 – Cassino Royale”, em 2006. Entretanto, a Parkour Earth, entidade que congrega os participantes do esporte, não aceita a ingerência da FIG (Federação Internacional de Ginástica) e escreveu ao COI pedido para não aceitar a indicação da federação rival.
Quem pode entrar em Paris-2024
Confira abaixo quais as sugestões de inclusão ou mudança no programa esportivo dos Jogos de Paris-2024:
Atletismo: cross country por equipe mista; marcha 50 km feminina
Canoagem: canoagem slalom extreme
Ciclismo: BMX flatland e contra-relógio misto
Ginástica: parkour
Handebol: handebol de praia
Pentatlo moderno: revezamento misto e reformulação da competição, que passaria a ter no máximo 90 minutos, contra as 10h atuais do evento
Remo: remo costeiro (no mar)
Vela: três novos eventos mistos
Tiro esportivo: prova de equipe mista de skeet
Tênis de mesa: competições de duplas feminina e masculina
Taekwondo: prova de equipe mista
Triatlo: adição de uma prova de eliminação feminina e masculina
Escalada esportiva: entrada de duas provas de velocidade
Wrestling: entrada da competição de luta de praia, para alcançar igualdade de gênero
Nado Artístico: entrada da prova mista, que já existe dentro da Fina (Federação Internacional de Natação).