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A ‘bolha’ do esporte brasileiro vai barrar o coronavírus?

Explosão de casos de Covid no futebol nacional já alcança outras modalidades e coloca dúvida na eficiência do protocolo de segurança

Sesc RJ Flamengo vôlei feminino superliga adiamento Covid-19
Com cinco atletas infectadas por coronavírus,, o Flamengo teve dois jogos adiados na Superliga (Wander Roberto/Inovafoto/CBV)

A menos que você tenha vindo de Marte ou seja da turma negacionista, é impossível que não tenha visto o crescimento em vários países da onda da pandemia do coronavírus. No Brasil isso não é diferente. E o esporte, parte fundamental da nossa vida, vem sentindo na pele os efeitos da tal segunda onda, embora a primeira nem tenha acabado. Os mais de 50 casos entre os clubes da Série A do Campeonato Brasileiro de futebol já chegam também a outras competições e modalidades. O que me leva a concluir que o tal protocolo de segurança sanitário é completamente furado.

Passado o primeiro e mais intenso período da pandemia, diversas modalidades viram no afrouxamento das medidas de restrição social a senha para retomar com suas competições. Afinal, asfixiadas economicamente, argumentavam que a roda tinha que voltar a girar. Mas mesmo com a criação de diversos protocolos de prevenção contra a Covid-19, uma questão básica ainda persiste: não se ganha do vírus na marra.

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No futebol feminino, por exemplo, há dez dias o Santos não tinha time para mandar a campo em um jogo válido pelo Campeonato Paulista. Eram 22 atletas que testaram positivo. O clube pediu adiamento à FPF (Federação Paulista de Futebol), que não aceitou. O time santista levou W.O. e a derrota o colocou no caminho da forte equipe do Corinthians nas quartas de final. Nesta quinta-feira (19), o time do Parque São Jorge venceu o primeiro confronto por 5 a 2.

Os efeitos da multiplicação de casos no esporte começam a pipocar também em outras modalidades. No vôlei, o Sesc RJ Flamengo, comandado pelo técnico Bernardinho, anunciou nesta quinta que tem cinco atletas infectadas e teve adiadas duas partidas pela Superliga feminina. Além do clube carioca, o Brasília teve adiado o seu jogo contra o São Caetano, que seria neste sábado, pois tem sete atletas com Covid.

A CBV (Confederação Brasileira de Vôlei) divulgou nesta sexta (20) que o jogo entre Blumenau e Sesi-SP, pela Superliga masculina, também marcado para o sábado, foi adiado em razão de quatro atletas do time catarinense terem testado positivo.

“Bolha” furada

Achou pouco? Tem mais…

O Circuito Brasileiro de vôlei de praia bate no peito para dizer que criou uma “bolha” de segurança no centro de treinamento da CBV em Saquarema (RJ). Mas a quarta etapa do feminino, que ocorre esta semana, viu três jogadoras aparecerem testarem positivo para o coronavírus.

Sinceramente, creio que estamos testemunhando apenas o início de novos casos que serão noticiados com frequência nas próximas semanas.

O esporte brasileiro se apega no exemplo de sucesso da “bolha” que a NBA criou, com absoluto sucesso, para finalizar sua última temporada e assim dar sequência a seu calendário. Pode reparar, quase toda competição se vende como uma bolha contra a Covid-19. É como se a palavra “bolha” fosse um salvo-conduto sanitário. Lamento, mas não é assim que a banda toca.

Ainda não temos vacina disponível (e nem sei quando teremos). O comportamento de muitas pessoas dá a impressão de que a pandemia já acabou, tal a quantidade de aglomerações e festas registradas. É impossível que todo este quadro não atinja em cheio o universo esportivo brasileiro.

O Brasil, caminhando para 6 milhões de casos de Covid e mais de 166 mil óbitos, não é exemplo para nada no combate do coronavírus. Ninguém poderia esperar que esse quadro não fosse replicado em relação ao nosso esporte.

Cuidem-se.

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