A imagem de Thomas Bach, presidente do COI, caminhando sozinho pela pista do Estádio Olímpico de Tóquio, teve um peso maior do que a beleza estática que ela carrega. Em sua visita de dois dias à capital do Japão, encerrada nesta quarta-feira (18) a primeira desde a explosão da pandemia do coronavírus, o mandatário do Comitê Olímpico Internacional não poupou nos adjetivos e frases de efeito. Diplomacia à parte, o dirigente alemão sinalizou de forma simbólica que a Olimpíada de Tóquio-2020 irá acontecer no ano que vem. Nem que seja na marra.
O rápido tour de Thomas Bach em Tóquio tinha objetivos bem mais concretos do que fazer belas imagens em instalações olímpicas, para deleite das redes sociais do COI. Primeiro, ele foi conhecer o novo primeiro-ministro do Japão, Yoshihide Suga, substituto do velho amigo Shinzo Abe, que renunciou por questões de saúde.
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Em segundo lugar, Bach queria ouvir dos integrantes do Comitê Organizador Local e das autoridades de saúde em que ponto estão as medidas preventivas contra a Covid-19. Embora demonstre esperança de que uma vacina segura esteja à disposição na época do Jogos, remarcados para 23 de julho e 8 de agosto de 2021, Thomas Bach não descarta um plano B. Ou seja, que a Olimpíada aconteça ainda em um cenário de pandemia e com os atletas tendo que cumprir protocolos rigorosos para evitar contaminações em plena competição.
Segurança ao patrocinadores
Por fim, em terceiro lugar, mas não menos importante, o presidente do COI teve encontros com parceiros e patrocinadores dos Jogos de Tóquio. O contrato de patrocínio de pelo menos 60 empresas apoiadoras da Olimpíada terminará em dezembro deste ano e não havia nenhuma cláusula de renovação automática.
Diante dos efeitos que a crise econômica causada pela pandemia trouxe ao Japão, vários destes parceiros estavam reticentes em seguir patrocinando. Eles tinham dúvidas se os Jogos iriam mesmo acontecer. As palavras otimistas de Thomas Bach em todas suas entrevistas em Tóquio acalmaram estas empresas. Assim como ao falar na presença de público, sem especificar se com arenas cheias ou não, demonstrou que a receita da venda dos ingressos não será descartada.
Da mesma forma, isso também é um alívio para as contas do COI e dos organizadores. Um estudo da Universidade de Oxford apontou que Tóquio-2020 será a Olimpíada mais cara da história. Com o adiamento para o ano que vem, os Jogos deverão ter um custo final estimado de US$ 25 bilhões (R$ 133,3 bilhões). Em 2013, quando foi eleita sede da Olimpíada, o Japão previa gastar US$ 7,3 bilhões (R$ 38,9 bilhões).
A sinalização dada por Thomas Bach em apenas dois dias no Japão é que foi dada a largada para os Jogos Tóquio-2020. Apesar da pandemia não ter acabado.