Uma semana após o inacreditável julgamento que lhe rendeu uma advertência por ter gritado “Fora, Bolsonaro!” em uma etapa do Circuito Brasileiro de vôlei de praia, a jogadora Carol Solberg falou. E demonstrou que vai continuar lutando para exercer o seu direito de se manifestar. Convidada do “Papo de Segunda”, no canal GNT, Carol mostrou que não aceitou a pena de advertência imposta pelo STJD da CBV. Disse que vai recorrer e que se sentiu censurada no julgamento.
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O fato de ter saído com uma advertência, ao contrário da pena máxima prevista (suspensão de seis torneios e multa de R$ 100 mil) também não representou para ela nenhum tipo de alívio.
“De jeito nenhum. Me senti totalmente censurada. Dei um grito de desabafo por tudo o que está acontecendo neste país, estes absurdos todos. Acho uma loucura alguém dizer o que eu posso ou não posso falar. Vou recorrer desta decisão [do STJD]. Acho que me sinto no direito quando dou uma entrevista, no momento em que eu tenho voz, de poder falar o que eu quiser, sim”, respondeu Carol Solberg ao apresentador Fabio Porchat.
Censurada pelo STJD
Para a atleta, o que ela fez foi apenas se manifestar contra um estado de coisas que acontece no Brasil.
“Eu não usei a entrevista como palanque ou fiquei fazendo propaganda de determinado candidato. Eu manifestei a minha indignação com este governo, que mata a população preta e pobre, que está destruindo nosso meio ambiente, faz apologia a torturadores. Nós temos um presidente que participa de atos pedindo a volta do AI-5. [Que promove] o desmonte total da nossa cultura, um desprezo pelos nossos artistas, ameaça a imprensa. É uma atrás da outra. Ri da nossa cara, mente. Não é só política, é uma questão de direitos humanos, vai para outro lugar. É uma indignação. Sou uma cidadã como outra qualquer”, comentou.
Atleta tem o direito de se posicionar
Antes de se despedir, Carol Solberg quis reforçar o papel do atleta no mundo atual, onde se discute inclusive a flexibilização da Regra 50 da Carta Olímpica do COI (Comitê Olímpico Internacional), que proíbe manifestações em pódios e áreas de competição em Jogos Olímpicos.
“Me incomoda muito essa neutralidade imposta aos atletas. Acho curioso que a sociedade fala sempre que os atletas são exemplos para as crianças, para as novas gerações. Fico pensando que exemplo é este de uma pessoa totalmente alienada, que não fala nada sobre o que pensa, que não está nem aí para o que está acontecendo no mundo. Se o atleta não pode falar, ele não é exemplo de nada. Está mais do que na hora de debatermos este assunto, porque este lugar de neutralidade do atleta não dá mais. Diante do que está acontecendo no Brasil e no mundo, está mais do que na hora de refletirmos e entendermos a importância de todo cidadão se posicionar. E o atleta é um cidadão como qualquer outro. Não dá para ficar quieto diante de tanta barbárie”.