Em sua história centenária, o COB (Comitê Olímpico do Brasil) teve apenas oito presidentes! Em somente em uma oportunidade, houve de fato uma eleição para definir o seu comandante, em 1979, no embate entre o Major Sylvio Padilha, que foi o vencedor, e seu opositor na época, Carlos Nuzman. Mais de 40 anos depois, o COB conhecerá nesta quarta-feira (7) seu novo presidente, em um pleito que será histórico por vários motivos. Um dos mais relevantes, na minha opinião, é que os atletas poderão ter um peso fundamental no resultado do que as urnas apontarem.
A partir das 10h, no Hotel Grand Hyatt, no Rio de Janeiro, será aberta a Assembleia Geral do COB, que terá como ponto alto a eleição do novo presidente e vice da entidade, para um mandato de quatro anos (2021-2024). Também serão escolhidos os novos integrantes do Conselho de Administração – um independente e sete entre as confederações.
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Três chapas estão concorrendo. Pela situação, a chapa “Força É União”, com o atual presidente do COB, Paulo Wanderley Teixeira, buscando a reeleição, tendo Marco La Porta como vice. As chapas de oposição são duas. A “COB + Forte” tem Rafael Westrupp/Emanuel Rego, e a “Vem Ser” é formada por Helio Meirelles/Robson Caetano.
Um colégio eleitoral robusto, para os padrões históricos do COB, terá direito a voto. No total, são 49 membros, sendo 35 presidentes das confederações olímpicas, os dois membros do COI (Comitê Olímpico Internacional) no Brasil – Andrew Parsons e Bernard Rajzman – e os 12 integrantes da Comissão de Atletas da entidade (CACOB).
Vence quem conseguir 25 votos. Assim como ocorre no COI, a eleição acontece por “ondas”. Ou seja, no primeiro turno, apuram-se os votos e se nenhuma chapa obtiver a maioria simples, a terceira menos votada é eliminada, definindo a eleição num segundo turno, que ocorre na sequência.
Peso decisivo
Com uma polarização que cresceu de forma impressionante nas últimas horas, serão justamente os representes dos atletas olímpicos brasileiros o fiel da balança.
Como a votação é secreta, toda contabilização de votos é por enquanto especulação. Mas Paulo Wanderley contaria com o apoio de 16 confederações. A chapa de Rafael Westrupp viu aumentar o número de apoiadores na noite desta terça e somaria 14 votos, incluindo de três confederações que teriam pulado do barco da chapa de Helio Meirelles, segundo se fala nos bastidores. Outro voto declarado para ele é o de Andrew Parsons, presidente do IPC (Comitê Paralímpico Internacional).
As últimas prévias apontam indefinidos os votos de quatro confederações e também o de Bernard Rajzman, ex-atleta olímpico e medalhista de prata com o vôlei em Los Angeles-1984. Além, é claro, da comissão de atletas.
Daí a importância estratégica de conquistar estes 12 votos. Nunca os atletas tiveram uma chance tão grande de ajudar a definir os rumos do esporte olímpico brasileiro. Na eleição anterior, apenas um representante tinha direito a voto na Assembleia.
Embora se fale em divisão de preferências dentro do CACOB, o blog apurou que a tendência é que eles votem em bloco, todos no mesmo candidato. E por enquanto, a preferência seria para o atual presidente do COB, Paulo Wanderley.
Filme queimado?
Três motivos seriam decisivos para esta opção. Primeiro, o descontentamento com a iniciativa de Emanuel Rego, campeão olímpico no vôlei de praia em Atenas-2004, em lançar sua candidatura sem consultar os integrantes da comissão previamente. Depois, pela postura de Emanuel no rumoroso episódio envolvendo Carol Solberg.
Como presidente da comissão dos atletas do vôlei, Emanuel assinou uma nota bizarra, na qual condenava abertamente a atitude da jogadora, que criticou o presidente Jair Bolsonaro ao final de uma etapa do Circuito Brasileiro de vôlei de praia. O CACOB também ficou irritado com a posição favorável da dupla Rafael e Emanuel em favor do pedido de adiamento da eleição da comissão, que teria ocorrido no último mês de agosto, pleiteado pela confederação de skate.
Em sua primeira grande experiência democrática em mais de um século de existência, o COB estará dividido nesta eleição. Mas são os atletas que na prática irão decidir o futuro do esporte olímpico brasileiro. Isto é histórico.