Nas chamadas “bolsas de aposta olímpicas”, aquelas previsões que os jornalistas adoram fazer (e às vezes quebrar a cara) nas vésperas dos Jogos, o judô invariavelmente aparece bem cotado no Brasil. A modalidade é uma das que mais ganhou medalhas para o país na história olímpica (22 no total) e não foi diferente na Olimpíada de Sydney-2000.
Há exatos 20 anos, o judô brasileiro comprovou a força da tradição em Jogos Olímpicos. Ainda fez uma espécie de “troca de guarda”, com novos nomes buscando protagonismo, após as conquistas de ídolos como Aurélio Miguel, Rogério Sampaio, entre outros.
Foi num 18 de setembro como nesta sexta-feira que o judô internacional foi apresentado definitivamente a Tiago Camilo. O paulista de Bastos, no interior de São Paulo, de apenas 18 anos, cumpriu uma campanha impecável em Sydney-2000. Na categoria leve (até 73 kg), Camilo foi batendo todos os seus rivais sem dó. Foram quatro vitórias consecutivas, várias delas por ippon.
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Thiago Camilo só não conseguiu superar o italiano Giuseppe Maddaloni, que também superou o jovem brasileiro por ippon, após 3min25s de combate. Ao sair do tatame, ele estava inconformado com o resultado e reclamava muito com o técnico Geraldo Bernardes. Depois, percebeu o tamanho de sua conquista e o sorriso não saiu mais de seu rosto em Sydney.
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“Apesar de ser jovem, eu vim para cá pensando na medalha. Depois deste resultado, vou ganhar muita experiência”, disse Tiago Camilo, que ainda viria a faturar um bronze em Pequim-2008.
Reserva que virou medalhista
A segunda medalha do judô brasileiro em Sydney-2000 veio dois dias depois. Acabou premiando um reserva cujo destino o premiou com um pódio olímpico. Carlos Honorato, primeiro negro a ganhar uma medalha olímpica no judô do Brasil, só foi à Austrália em razão de Edelmar Zanol, na categoria 90 kg, ter se machucado.
E Honorato não desperdiçou a oportunidade. Como um trator, atropelou seus adversários na chave. Um deles praticamente de forma literal. Ao aplicar um ippon no japonês Hidehiko Yoshida e quebrou o braço do rival, em uma cena assustadora.
Derrotado na final pelo holandês Mark Huizinga, que ironicamente treinou no Brasil com a seleção brasileira na fase de preparação, Carlos Honorato preferia enaltecer o significado de sua medalha de prata. “Espero estar abrindo uma porta para que outros negros possam vencer nessa modalidade que sempre teve domínio de orientais”.