São raras as vezes, descontados os exageros, em que podemos dizer que estamos vendo um fenômeno do esporte diante de nossos olhos. No atletismo em especial, Usain Bolt nos 100 metros talvez tenha sido o último deles, quando surgiu de forma avassaladora em 2008, na Olimpíada de Pequim. Bom, sem medo de exagerar nos adjetivos, é possível cravar que o sueco Armand Duplantis já é um destes fenômenos.
No salto com vara, por exemplo, ele tornou-se nesta quinta-feira (17) a maior de todos os tempos, ao cravar 6,15 m na etapa da Roma da Liga Diamante. Trata-se do maior salto já obtido por um atleta na história da modalidade, em provas ao ar livre. Isso tudo com apenas 20 anos de idade!
Recordista mundial da prova desde fevereiro deste ano, quando alcançou a incrível marca de 6,18 m em uma prova indoor (pista coberta), Duplantis teve que esperar a pandemia do coronavírus permitir que as competições fossem retomadas para acabar com todas as dúvidas de seu potencial.
Embora a World Athletics (Federação Internacional de Atletismo) já tivesse unificado há tempos os recordes nas provas indoor e outdoor (ar livre), ainda havia um incômodo ponto de interrogação em relação ao sueco. No caso, este senão atendia pelo nome de Serguei Bubka.
O ucraniano tinha o maior salto da história ao ar livre, com 6,14 m, obtido em 1994. Era este o recorde mundial da prova até que o francês Renaud Lavillenie em 2014, após a unificação dos critérios, marcou 6,16 m em uma prova indoor e tomou o posto.
“Mas será que ele consegue?”
Seis anos depois, Armand Duplantis, que começou a praticar o salto com vara ainda criança, tornou-se o dono do salto com vara. Tudo graças ao inacreditável salto de 6,18 m obtido em um meeting em Glasgow (ESC). Mas sempre vinha alguém e colocava em dúvida a capacidade dele ultrapassar a marca de Bubka. Até porque seu melhor salto ao ar livre tinha sido 6,05 m, em 2018.
Na retomada do atletismo, Duplantis já vinha esbarrando neste 6,15 m. Ficou bem próximo em uma etapa da Liga Diamante em Lausenne, há duas semanas. Nesta quinta-feira, já estava sozinho na prova quando alcançou 5,85 m. Ultrapassou 6 metros de primeira e subiu o sarrafo para 6,15 m. A primeira tentativa foi frustrada, mas na sequência veio o salto que o tornou o dono da modalidade.
Triste ironia é este momento histórico ter sido alcançado diante de arquibancadas vazias. Mas quem sabe nos Jogos de Tóquio-2020, no ano que vem, Duplantis possa fazer história novamente, sob aplausos da torcida? É o que todos nós esperamos.