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Relembre a polêmica que quase tirou Guga de Sydney-2000

Uma confusão envolvendo Gustavo Kuerten e o fornecedor de uniforme do COB era o principal assunto antes da abertura da Olimpíada

Sydney-2000 Gustavo Kuerten
O tenista brasileiro Gustavo Kuerten e a polêmica camisa que utilizou em Sydney-2000 (Reprodução)

Poucos dias antes da abertura de Sydney-2000, a maior preocupação dentro da delegação do Brasil não estava necessariamente com o desempenho dos atletas naqueles Jogos. Tanto imprensa e como torcida queriam mesmo era saber se o tenista Gustavo Kuerten iria ou não disputar a Olimpíada. O motivo não era uma contusão ou coisa parecida. Por incrível que pareça, uma polêmica entre os fornecedores de uniforme do COB (Comitê Olímpico do Brasil) e o de Guga quase impediram o tenista de jogar.

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Em 2000, o marketing das empresas de material esportivo já era uma senhora fonte de renda para atletas e entidades. No caso do COB, havia um contrato assinado um ano antes com a Olympikus. Os valores não foram divulgados oficialmente, mas estimava-se que pagaria cerca de US$ 5 milhões até Atenas-2004, além de prever que o COB teria 3% de royalties sobre a venda da uma linha de produtos em seis mil lojas no Brasil.

Na ocasião, o COB consultou as confederações para saber se havia algum conflito de marcas. Apenas o futebol e atletismo tinham acordos anteriores. A Olympikus liberou para que esta duas modalidades competissem em Sydney-2000 com seus fornecedores. Só que ninguém se preocupou (ou não deu a devida atenção) para a possibilidade de Gustavo Kuerten estar na delegação olímpica.

Fidelidade ao antigo parceiro

Então bicampeão de Roland Garros e maior ídolo do esporte brasileiro na época, Guga vivia uma fase brilhante na carreira. Era o segundo do ranking mundial e forte candidato a conquistar a então chamada Corrida dos Campeões do tênis – nome que se dava ao atual ATP Finals e que ele de fato venceu no final de 2000.

A questão é que Guga tinha um antigo acordo com a empresa Diadora, desde antes de suas primeiras conquistas. E os italianos não estavam dispostos a ver seu principal garoto-propaganda jogar a Olimpíada com uma outra marca. O próprio tenista dizia que não iria abrir mão de seu parceiro.

“Se não fossem eles, talvez nem estivesse na posição em que me encontro hoje”, disse Guga em 5 de setembro (dez dias antes da abertura da Olimpíada), em uma coletiva onde ele admitia que não iria jogar em Sydney-2000. Do outro lado, intransigente, Carlos Arthur Nuzman, então presidente do COB, afirmava que não abriria exceção para o tenista. E ainda fez insinuações sobre falta de patriotismo do tenista.

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“É uma pena que um ídolo brasileiro não saiba se comportar como um ídolo. Lamento muito o fato de um tenista brasileiro se curvar diante de uma empresa estrangeira. Me preocupa o fato de que, no futuro, o atleta possa se tornar escravo das marcas esportivas”, afirmou o cartola aos jornalistas brasileiros, já na Austrália, no dia 6.

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A Diadora disse que até aceitaria Guga atuando sem seu uniforme, desde que não utilizasse a marca da Olympikus. O cabo de guerra prosseguia e o COB ainda teria um outro problema prático: não poderia substituir Guga da lista de inscritos, a menos que fosse por problema médico.

A possibilidade de um vexame internacional de ter um dos melhores jogadores do mundo barrado por uma briga entre marcas esportivas acabou falando mais alto. Na madrugada do dia 7 de setembro (horário de Brasília), Nuzman chamou a imprensa em Sydney para um comunicado.

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Visivelmente contrariado, disse que autorizava Gustavo Kuerten a disputar a Olimpíada com o uniforme oficial, porém sem a marca do patrocinador. “O povo brasileiro me colocou na Olimpíada. Agora vamos ver se eu ganho”, brincou o tenista, em uma entrevista aos jornalistas em Florianópolis.

Apesar de tanta polêmica, Guga passou longe do pódio em Sydney-2000. Foi eliminado nas quartas de final pelo russo Yevgeny Kafelnikov por 2 sets a 0 (6-4 e 7-5), no dia 25 de setembro.

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