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Técnicas de ginástica rítmica são demitidas por maus-tratos

Federação suíça anunciou saída de treinadora e assistente búlgaras, após serem acusadas por ex-atletas de abusos e ofensas

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A treinadora Iliana Dineva (direita) e sua assistente Aneliya Stancheva, demitidas da seleção suíça acusadas de maus-tratos (Reprodução)

Conhecida pelos movimentos graciosos e coordenados, a ginástica rítmica mostrou nesta quarta-feira (24) um lado nada bonito. A federação suíça da modalidade anunciou a demissão da treinadora Iliana Dineva e sua assistente Aneliya Stancheva, ambas búlgaras e que comandavam a seleção principal. O motivo: acusação de maus-tratos e abusos com as atletas.

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As duas foram contratadas com o objetivo de conquistar uma vaga no conjunto para a Olimpíada de Paris-2024. A Suíça já não tem chances de participar dos Jogos de Tóquio, ao terminar em 25º lugar no Mundial de Sofia (BUL), de 2018. Com isso, não se classificou para o Mundial de Baku (AZE), realizado no ano passado, e que distribuiu boa parte das vagas olímpicas por equipe e no individual.

As acusações que levaram à demissão de Dineva e Stancheva ocorram após denúncias feitas pelos jornais suíços “Blick” e “NZZ”. Os relatos de ex-atletas que trabalharam com as búlgaras são aterradores. Sob condição de anonimato, elas disseram que sofriam abusos em relação ao seu peso (uma delas diz ter sido chamada de “vaca gorda”), ofensas morais, além de terem treinado e competido lesionadas.

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Após investigações internas a federação suíça divulgou que nenhuma acusação partiu do grupo atual das ginastas, mas que ex-integrantes da seleção confirmaram as denúncias. Daí a decisão pela demissão das treinadoras e a adoção de novas normas de conduta e proteção às atletas.

Método russo?

Preocupa nesta história é que a ginástica rítmica, especialmente o conjunto, tem uma base majoritariamente formada por atletas muito novas, algumas ainda adolescentes. Por isso, o impacto de métodos abusivos como estes nas garotas é terrível.

Infelizmente, não se trata de um caso isolado.

Potência da modalidade, a Rússia é praticamente imbatível. No programa olímpico desde Los Angeles-1984, as russas já conquistaram um total de 16 medalhas, dez delas de ouro, tanto no individual quanto no conjunto. Tudo sob uma disciplina rigorosa e implacável de Irina Viner-Usmanova, que é praticamente “dona” da ginástica rítmica da Rússia.

Treinadora-chefe da seleção nacional, presidente da federação russa da modalidade e vice-presidente da FIG (Federação Internacional de Ginástica), Viner é uma figura imponente e até assustadora. Acompanhei o Mundial de Baku e a diversão dos jornalistas russos era adivinhar qual o figurino que Viner estaria usando nas apresentações – sempre de chapéu nada discreto e roupas coloridíssimas.

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Irina Viner comanda com mão de ferro a ginástica rítmica da Rússia (Reprodução/RT)

Ela não se impõe apenas pelo visual. Em Baku, no treino de pódio (aquele em que as ginastas mostram aos árbitros a mesma coreografia que irão realizar na prova de qualificação no dia seguinte), Viner acompanhava com lupa. A cada movimento errado, ela passava por cima das treinadoras, parava o treino e distribuía broncas homéricas. Não que eu entenda russo, mas a cara de pavor das ginastas mostrava que a conversa não era exatamente amigável. Nem mesmo as estrelas da equipe eram poupadas.

Esportivamente falando, é inegável o sucesso que Rússia tem na ginástica rítmica. O que não significa que se deva copiar seus métodos em todos os aspectos, especialmente nas relações humanas.

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