Nestes tempos difíceis de pandemia, enquanto alguns respeitam as regras de distanciamento social e outros desafiam o vírus alardeando que não passa de uma gripezinha, estamos sofrendo perdas inestimáveis. O jornalismo esportivo, por exemplo, sofreu uma delas nesta segunda-feira (1º), com a morte do jornalista Moacir Ciro Martins Júnior, de 69 anos.
Ele estava internado em um hospital em Campinas, após passar na última semana por uma cirurgia para a retirada de um tumor no sistema digestivo. Teve o quadro agravado com suspeita de Covid-19 e faleceu no começo da noite desta segunda. O enterro foi realizado nesta terça-feira (2).
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Para quem não o conheceu, Moacir, além de um grande amigo, era um dos melhores representes da chamada “Turma do Amador”, como eram conhecidos, nas décadas de 80 e 90, os jornalistas que se dedicavam à cobertura de tudo o que não era futebol. O que hoje chamamos nas redações de “esportes olímpicos”.
Mas Moacir foi além disso. Em um período que a grande imprensa mal abria espaço para modalidades de ação, como surfe e depois o skate, ele foi um dos pioneiros, apresentando os grandes nomes destes esportes (ainda desconhecidos) para o grande público.
Foi também um inspirador para uma geração de jornalistas, tanto jovens como seus contemporâneos. Entre outros veículos, trabalhou na “Gazeta Esportiva” e no “Diário Popular”, que depois passou a se chamar “Diário de S. Paulo”.
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Moacir também foi um dos primeiros repórteres a se dedicar intensamente à cobertura do judô. Acompanhou de perto uma das grandes crises da modalidade, a ruptura entre o então campeão olímpico Aurélio Miguel e o ex-presidente da CBJ (Confederação Brasileira de Judô), Joaquim Mamede.
A briga entre eles afastou o judoca medalha de ouro de Seul-1988 por quase três anos das competições. Moacir testemunhou de perto este período e até serviu para apagar alguns “incêndios” no acordo que promoveu a paz entre Aurélio (de quem se tornou amigo e no futuro assessor de imprensa) e o cartola, em 1992, às vésperas da Olimpíada de Barcelona.
+ Leia também: Uma homenagem à brava turma do ‘amador
Como amigo e integrante desta “Turma do Amador”, a partida precoce do velho “Moa”, como era chamado , traz muita tristeza.
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Há cinco anos, nos primórdios deste blog, fiz um texto em homenagem a vários de meus colegas que trilharam esta mesma trincheira do esporte olímpico. Pode ser conferido aqui. O Moacir Ciro estava entre os homenageados.
Vai fazer falta por aqui, companheiro. Obrigado por tudo.
PS: na foto que ilustra este post, estão, além do Moacir, o fotógrafo Silvio Ávila e a repórter Cátia Bandeira (do Zero Hora), o assessor de imprensa Carlos Bortole (que trabalhava na assessoria do Moacir), o repórter Juarez Araújo (Gazeta Esportivo). Eu, na época, como repórter do Diário Popular.