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Laguna Olímpico

Com Coaracy, natação viveu o melhor e o pior dos mundos

Ex-presidente da CBDA, Coaracy Nunes teve participação em conquistas históricas,mas contribuiu demais para a crise que a modalidade atravessa

Coaracy Nunes
Coaracy Nunes, que comandou a CBDA por quase 30 anos, morreu nesta quinta-feira no Rio (Divulgação)

É difícil ficar neutro quando se fala de Coaracy Nunes, o ex-presidente da CBDA que morreu nesta quinta-feira (14) no Rio de Janeiro. Ele estava internado desde o final de abril, após ter testado positivo para o novo coronavírus. Exames recentes mostraram que ele havia se recuperado da doença. O dirigente, que tinha 82 anos, sofria de Alzheimer e diabetes, entre outras complicações..

Seria muito fácil fazer um texto desfilando somente os problemas que cercaram as quase três décadas em que Coaracy Nunes ficou no comando da CBDA (Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos).

E olha que foram muitos problemas.

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O dirigente teve a biografia manchada ao final da carreira, condenado em primeira instância no ano passado por desvio de recursos públicos. Antes, passou pela humilhação de ficar mais de 80 dias preso em razão destas denúncias, em 2017.

Coaracy foi decisivo no atual estágio de penúria em que se encontra a CBDA. Afundada em dívidas quase impagáveis, impedida de receber recursos públicos por problemas em prestações de contas, a entidade sofre para sobreviver. Era de difícil trato e vários atletas (Joanna Maranhão já falou disso publicamente) alegaram terem sido perseguidos por ele.

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Infelizmente, a memória recente do nome de Coaracy Nunes ligado aos esportes aquáticos do Brasil está longe de ser positiva.

Coaracy Nunes
Coaracy Nunes no dia em que foi preso pela Polícia Federal, em 2017 (Reprodução)

Mas não dá para deixar de reconhecer que foi sob sua gestão que a natação brasileira viveu seu período mais vitorioso.

Durante a era Coaracy, o Brasil conquistou dez medalhas olímpicas, uma delas de ouro, com Cesar Cielo, em Pequim-2008 (50 m livre). Antes dele comandar a modalidade, tinham sido apenas quatro. Com Coaracy no comando, a CBDA teve durante anos um dos mais vultuosos patrocínios do esporte olímpico nacional, com os Correios.

A parceria, que se prolongou por quase todo o seu mandato, só perdia em valores para o que o vôlei recebia do Banco do Brasil. Ele também conseguiu emplacar um contrato com a TV Globo, finalizado apenas este ano, que deu à natação uma exposição rara na mídia, em se tratando de esportes olímpicos no país.

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Foi com Coaracy comandando a CBDA que o Brasil organizou um Campeonato Mundial de piscina curta, em 1995, em uma arena montada na Praia de Copacabana, no Rio. Na ocasião, os brasileiros conquistaram seis medalhas, três delas de ouro.

Coaracy Nunes foi representante de uma geração de cartolas que chegaram ao poder com ideias modernas para a época, mas que não souberam sair de cena na hora certa e preferiram se apegar ao cargo com todas as forças. O fato é que com ele, a natação do Brasil viveu os seus melhores e piores momentos.

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