Na vida, muitas vezes é preciso chamar as coisas pelos nomes que elas têm. Eis que em apenas nove dias de 2020, um princípio de crise no COB (Comitê Olímpico do Brasil) ameaça tirar a tranquilidade na reta final da preparação para a Olimpíada de Tóquio.
E essa ameaça de crise acontece na administração da entidade, que há menos de três anos viveu o maior vexame de sua história. Para quem não se lembra, justamente no episódio que culminou com a prisão e renúncia do ex-presidente Carlos Arthur Nuzman, acusado pelo Ministério Público de participar do esquema de compra de votos para a Rio-2016.
Nesta quinta-feira (9), o presidente do Conselho de Ética do COB, Alberto Murray, entregou sua carta renunciando ao cargo. Foi o ponto final de uma crise iniciada no final de novembro do ano passado, quando foi feita a revisão do estatuto aprovado em 2017, após a queda de Nuzman.
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Na reforma estatutária, o presidente da entidade, Paulo Wanderley – que era vice no último mandato de Nuzman – propôs algumas mudanças polêmicas no estatuto e que enfraqueceriam a transparência da gestão. Murray, que é neto do ex-presidente do COB, Sylvio de Magalhães Padilha, se mostrou contrário às mudanças e se empenhou, com outros integrantes do Comitê de Ética, em fazer campanha contra as medidas. No dia da votação, com apoio total da Comissão de Atletas, elas foram derrubadas.
Só que o ano mal começou e a palavra crise volta a ser ligada ao COB. Reportagem do jornal Folha de S. Paulo publicada nesta quinta-feira revelou que o comitê de conformidade, órgão ligado ao Conselho de Ética, questionou um acordo de parceria com um instituto médico de São Paulo, o Vita Care, para a realização de exames em atletas indicados pelo COB, e que teria sido feito sem cumprir as regras de transparência. O Comitê Olímpico do Brasil nega as irregularidades no processo.
Eis que no final do dia, Alberto Murray entregou sua carta de demissão e ainda publicou uma dura carta aberta, que foi enviada a Paulo Wanderley e publicada em suas redes sociais. E ele não aliviou nas tintas. Na prática, já iniciou sua campanha para a eleição do COB, que será dia 25 de novembro. Não se sabe se como candidato a presidente ou vice. Inclusive o prazo para dirigentes ligados a alguma confederação se descompatibilizarem e assim concorrer no próximo pleito termina em abril.
É neste turbilhão que o COB inicia a reta final de sua preparação olímpica. Se nada disse respingar nos atletas e na parte técnica, será um grande lucro.
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