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Na reta final para Tóquio-2020, COB tem um belo abacaxi para descascar

Renúncia do presidente do Conselho de Ética, além de denúncia de irregularidade em contratação de serviços médicos, causam barulho na entidade em pleno ano olímpico

Paulo Wanderley
Paulo Wanderley, presidente do COB, que encara um início de crise às portas da Olimpíada de Tóquio (Crédito: Wander Roberto/COB)

Na vida, muitas vezes é preciso chamar as coisas pelos nomes que elas têm. Eis que em apenas nove dias de 2020, um princípio de crise no COB (Comitê Olímpico do Brasil) ameaça tirar a tranquilidade na reta final da preparação para a Olimpíada de Tóquio.

E essa ameaça de crise acontece na administração da entidade, que há menos de três anos viveu o maior vexame de sua história. Para quem não se lembra, justamente no episódio que culminou com a prisão e renúncia do ex-presidente Carlos Arthur Nuzman, acusado pelo Ministério Público de participar do esquema de compra de votos para a Rio-2016.

Nesta quinta-feira (9), o presidente do Conselho de Ética do COB, Alberto Murray, entregou sua carta renunciando ao cargo. Foi o ponto final de uma crise iniciada no final de novembro do ano passado, quando foi feita a revisão do estatuto aprovado em 2017, após a queda de Nuzman.

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Na reforma estatutária, o presidente da entidade, Paulo Wanderley – que era vice no último mandato de Nuzman – propôs algumas mudanças polêmicas no estatuto e que enfraqueceriam a transparência da gestão. Murray, que é neto do ex-presidente do COB, Sylvio de Magalhães Padilha, se mostrou contrário às mudanças e se empenhou, com outros integrantes do Comitê de Ética, em fazer campanha contra as medidas. No dia da votação, com apoio total da Comissão de Atletas, elas foram derrubadas.

Só que o ano mal começou e a palavra crise volta a ser ligada ao COB. Reportagem do jornal Folha de S. Paulo publicada nesta quinta-feira revelou que o comitê de conformidade, órgão ligado ao Conselho de Ética, questionou um acordo de parceria com um instituto médico de São Paulo, o Vita Care, para a realização de exames em atletas indicados pelo COB, e que teria sido feito sem cumprir as regras de transparência. O Comitê Olímpico do Brasil nega as irregularidades no processo.

Eis que no final do dia, Alberto Murray entregou sua carta de demissão e ainda publicou uma dura carta aberta, que foi enviada a Paulo Wanderley e publicada em suas redes sociais. E ele não aliviou nas tintas. Na prática, já iniciou sua campanha para a eleição do COB, que será dia 25 de novembro. Não se sabe se como candidato a presidente ou vice. Inclusive o prazo para dirigentes ligados a alguma confederação se descompatibilizarem e assim concorrer no próximo pleito termina em abril.

É neste turbilhão que o COB inicia a reta final de sua preparação olímpica. Se nada disse respingar nos atletas e na parte técnica, será um grande lucro.

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