Imagine se Al Capone, um dos maiores gângsteres da história, ou até Michael Corleone, o inesquecível personagem da saga do cinema “O Poderoso Chefão“, resolvessem comandar uma federação esportiva internacional. Seria um escândalo, com direito a textões em redes sociais e tudo mais, certo?
Pois algo parecido pode acabar tirando o boxe do programa esportivo das Olimpíadas.
O recado duro foi passado neste domingo pelo presidente do COI (Comitê Olímpico Internacional), Thomas Bach. Durante coletiva de imprensa em PyeongChang, onde se encontra para acompanhar a Olimpíada de Inverno a partir desta sexta-feira (9), o alemão não aliviou suas críticas em relação à Aiba (Associação Internacional de Boxe).
“O Conselho Executivo do COI não está satisfeito com o relatório elaborado pela Aiba sobre questões de governança, finanças, arbitragem e doping. Por isso, o COI reserva-se o direito de rever a inclusão do boxe na Olimpíada da Juventude em Buenos Aires, este ano, e na Olimpíada de Tóquio, em 2020”, afirmou Bach.
Embora não comente isso oficialmente, o presidente do COI está inconformado com o novo comando da Aiba. Em dezembro, após a saída do taiwanês C.K. Wu, afastado por má gestão financeira, foi escolhido Gafur Rakhimov como presidente interino da entidade. Isso acendeu o alerta vermelho dentro do COI.
O dirigente do Uzbequistão é apontado pelo Departamento do Tesouro dos Estados Unidos como sendo uma pessoa com fortes vínculos ao crime organizado na Ásia, onde comandaria uma organização batizada com o singelo nome de “Os Ladrões“. Rakhimov nunca sofreu qualquer tipo de processo, mas foi acusado de extorsão, lavagem de dinheiro, suborno e roubo.
Resultados arranjados
Se as questões éticas e morais já não fossem graves, esportivamente falando o boxe amador também está com problemas, segundo o COI. Thomas Bach afirmou que há fortes indícios de que a Aiba não conseguiu acabar com os problemas de resultados arranjados de lutas. Denúncias de apostas ilegais em competições de boxe amador, incluindo o acerto prévio de vencedores, já abalaram a credibilidade inclusive de campeonatos mundiais da modalidade.
Agora, o COI suspeita que o esquema funcionou também na Olimpíada Rio-2016. Um dos combates que estariam sob suspeita seria o da final dos pesos pesados, quando o russo Evgeny Tishchenko ficou com a medalha de ouro, após derrotar Vassily Levit, do Cazaquistão. Outra polêmica envolveu a derrota do irlandês Michael Conlan, do peso galo (56 kg), que acusou a Aiba de corrupção após sua inesperada derrota por pontos para o russo Vladimir Nikitin.
Se quiser evitar uma possível exclusão da Olimpíada, é bom que os dirigentes da Aiba se apressem. O COI avisou que aguarda um novo relatório mostrando as mudanças a respeito da governança até o dia 18 de abril.
Serão pouco mais de dois meses para que o boxe amador tente evitar sua maior derrota.