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Punição à Rússia é justa, mas ela não é a única culpada pelo doping no esporte

Banimento da Rússia dos Jogos de PyenongChang-2018 prova que o COI resolveu endurecer no combate ao doping. Mas precisa ser para todos

Thomas Bach anuncia o banimento da Rússia nesta terça-feira. Foi a mais dura punição do COI nos últimos tempos (Crédito: Flickr COI)

Foi a mais severa punição já aplicada pelo COI na história recente do movimento olímpico. O banimento da Rússia dos Jogos Olímpicos de Inverno de PyeongChang-2018, em fevereiro do ano que vem, foi um baque. Para quem (confesso que estava entre eles) imaginava que o COI iria tomar alguma medida paliativa, apenas pró-forma, foi uma grande surpresa.

Depois da decepção pela “passada de pano” de Thomas Bach e sua turma às vésperas da Olimpíada Rio-2016, quando jogou a responsabilidade de punição às confederações, desta vez o COI bateu duro.

Desde a suspensão da África do Sul, por conta da infame política racial do Apartheid, quando ficaram banidos das Olimpíadas entre Tóquio-1964 e Seul-1988, nunca uma nação sofreu uma pena tão severa. O recado de Bach, durante a coletiva desta terça-feira, em Lausanne, foi claro. A Rússia está sendo banida por ter patrocinado, com anuência de seu governo, um complexo esquema de acobertamento de doping, que teve como ponto alto os Jogos de Inverno de 2014, que aconteceram justamente em Sochi.

Condições especiais

Os russos que não tiverem qualquer ligação com doping, se quiserem competir na Coreia do Sul, o poderão fazer, desde que sem a bandeira russa, sem execução do hino do país e sob o nome de “Atleta Olímpico da Rússia”. Não estranhe se um boicote geral for anunciado nos próximos dias pelos russos, em represália ao COI.

Isto posto, uma coisa precisa ficar bem clara: a Rússia não é a única culpada pelo doping no esporte mundial.

Longe de ser uma afirmação óbvia, parece ser necessário lembrar sempre que a diferença dos russos para outras grandes potências do esporte, como China e Estados Unidos, é que a turma de Puttin foi desmascarada.

Não é preciso puxar muito pela memória para lembrar dos diversos casos positivos de doping de nadadores chineses na década passada. E os americanos então tem em Lance Armstrong, no ciclismo, e Marion Jones, no atletismo, seus grandes exemplos de fraude no esporte.

A Rússia está no olho do furacão e tomara que outros casos positivos de atletas trapaceiros sejam descobertos nos próximos meses. Mas antes de atacar os russos sem dó,é bom reservar alguma dose de indignação para outros importantes integrantes do movimento olímpico internacional.

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