A notícia de que Carlos Arthur Nuzman, presidente do COB, foi preso no início da manhã desta quinta-feira (5), tem efeito de uma bomba atômica no universo olímpico brasileiro. Exatamente pelo motivo de que ninguém jamais imaginava que este dia chegaria. Seja entre atletas, cartolas ou mesmo jornalistas que há anos acompanham o esporte olímpico, jamais alguém pensou que veria este dia chegar.
Nem mesmo quando há exatamente um mês, de forma constrangedora, Nuzman foi levado para depor pelos agentes da Polícia Federal. Ele é um dos alvos da chamada operação “Unfair Play” (Jogo Sujo), que numa parceria entre os ministérios públicos do Brasil e da França, investiga a compra de votos para que o Rio de Janeiro fosse eleito sede da Olimpíada de 2016.
+ O blog está no Twitter. Clique e siga para acompanhar
+ Curta a página do blog Laguna Olímpico no Facebook
+ O blog também está no Instagram. Clique e siga
A prisão de hoje, que integrou a operação Unfair Play – Segundo Tempo, teve como alvo também um auxiliar direto de Nuzman. O diretor de marketing do Comitê Rio-2016, Leonardo Gryner, também foi detido nesta quinta, sob acusação de participação no pagamento de propina para Papa Diack, filho do ex-presidente da Iaaf (Associação das Federações Internacionais de Atletismo), Lamine Diack. Os dois teriam cooptado votos do continente africano a favor do Rio, graças ao pagamento de US$ 2 milhões pelo empresário Arthur Soares Filho, conhecido como “Rei Arthur”, ligado a Sérgio Cabral, condenado a 45 anos de prisão pela operação Lava Jato.
Hora da mudança é agora
Carlos Arthur Nuzman está há 22 anos no comando do Comitê Olímpico do Brasil. Mesmo que não tivesse cometido nenhum ato ilícito, já seria tempo demais para uma só pessoa determinar os rumos do esporte brasileiro. Por enquanto, sua prisão é temporária, com cinco dias de duração.
O motivo da prisão seria a tentativa de ocultação de patrimônio. Foram encontradas 16 barras de ouro em um banco na Suíça, não declarados por ele em seu imposto de renda. Um gráfico divulgado pelo Ministério Público demonstra a impressionante evolução no patrimônio do dirigente nos últimos anos. Com tantos advogados e contatos importantes, não duvido que o presidente do COB consiga evitar que a prisão se prolongue por mais tempo.
Mas a partir de hoje, uma pergunta precisa ser feita a todos os presidentes de confederações esportivas do Brasil, que de fato são quem mantém Nuzman no poder há tantos anos: quando vocês pretendem colocar a mão na massa e mudar a estrutura do esporte do Brasil? Ou vocês querem ter sua imagem atrelada às prisões de hoje?
A prisão de Carlos Nuzman tem o significado de uma Queda da Bastilha. Chegou o momento da troca de poder, pois quem estava há tantos anos no comando quase nada fez em favor da evolução do esporte olímpico brasileiro. A ressaca financeira de diversas confederações e a dificuldade de muitos atletas para treinar e competir são o maior exemplo disso.
Chegou a hora da mudança. Que o vexame da prisão do homem forte do esporte olímpico do Brasil sirva para impulsionar a chegada destes novos ares.
VEJA TAMBÉM:
+ Já passou da hora de limpar o jogo no esporte brasileiro
+ Fora da Odepa, Nuzman precisa se preocupar com o esporte do Brasil
+ O incômodo silêncio dos atletas brasileiros