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Judô

Em nova categoria, Sarah Menezes não teme adversárias e sonha com bi olímpico

Por Giovana Pinheiro

Em 2012, Sarah Menezes se transformou na primeira brasileira da história a ganhar a medalha de ouro olímpica no judô e ainda quebrou um jejum de duas décadas da modalidade, que tinha subido no lugar mais alto do pódio pela última vez com Rogério Sampaio em Barcelona-1992. Em 2016, a piauiense não conseguiu repetir o feito e parou nas quartas-de-final. Nada, no entanto, que desanimasse a atleta de 26 anos. Em busca de novos desafios, ela resolveu mudar de categoria com um sonho na cabeça: “ser bicampeã olímpica”.

A atleta deixou o peso-ligeiro (até 48kg) para lutar no meio-leve (até 52kg). A estreia na nova categoria vai acontecer no Aberto Europeu Feminino da Bulgária, em Sófia, sábado (04/02), a partir das 14h (horário de Brasília). Sarah Menezes e Érika Miranda representarão o Brasil. As competições abertas podem garantir até 100 pontos ao atleta no ranking da Federação Internacional de Judô. “É uma competição de preparação para outra maior que é o Grand Slam de Paris (11 e 12 de fevereiro). O principal é conseguir me adaptar às novas regras e a essa nova categoria. Vou dar o meu melhor para conseguir um bom resultado”, ressalta a judoca.

A decisão pela mudança de categoria foi feita em conjunto com a comissão técnica da Seleção. “Depois do terceiro ciclo olímpico na mesma categoria, acredito que agora é a hora de mudar, de fazer um teste”, explica Sarah Menezes. A ideia é ver como a atleta se sente e se comporta com o peso. Nessa quinta, ela chegou à Europa e já imagina quais serão as maiores dificuldades que virão pela frente: “Talvez na questão da força, porque as atletas do 52kg são mais fortes do que as do 48kg. Mas, não dá para avaliar muita coisa antes de competir”.

A nova categoria teve Érika Miranda como titular da Seleção Brasileira na última Olimpíada, cuja medalha de ouro foi conquistada pela judoca do Kosovo Majlinda Kelmendi. Questionada sobre as novas oponentes, Sarah dispara: “Minha principal adversária sou eu mesma. Se estiver me sentindo bem, as coisas vão bem”.

Sarah Menezes estreia em nova categoria do judô nesse final de semana na Bulgária

A confiança vem de quem sabe o que teve que passar para conseguir todas suas conquistas. Nascida em Teresina, no Piauí, no dia 26 de março de 1990, Sarah começou no judô aos 9 anos depois de ver uma apresentação na escola em que estudava. O contato desde então só aumentou. Ela já participou de três Olimpíadas (Pequim-2008 / Londres-2012 / Rio-2016), sendo a primeira com apenas dezoito anos. Hoje, define o esporte como tudo; “é a minha profissão e foi o que transformou a minha vida”, afirma em entrevista exclusiva ao Olimpíada Todo Dia.

Mas nada disso se compara ao dia 28 de julho de 2012, o dia que colocou Sarah Menezes onde ela mais sonhou. Na disputa pela medalha de ouro, a judoca derrotou a campeã olímpica, Alina Dumitru, da Romênia por um waza-ari e um yuko na categoria até 48kg feminino dos Jogos Olímpicos de Londres. Além de escrever seu nome na história do judô, Sarah também foi a segunda mulher a conquistar o ouro em provas individuais pelo Brasil (a primeira foi Maurren Maggi no salto em distância – Pequim-2008). E ela sabe muito bem a importância desse feito: “Me trouxe mais reconhecimento, ajudou na parte financeira e hoje sei que sou também um exemplo para as crianças que querem praticar judô”, diz.

A atleta na inauguração do Centro de Lutas Olímpicas “Sarah Menezes” em Teresina

E ela tem razão quando diz ser exemplo. Como legado de sua conquista nos Jogos, depois de três anos em construção, o Centro de Lutas Olímpicas “Sarah Menezes” hoje é uma realidade. Funcionando desde setembro de 2016, no bairro do Saci, em Teresina, o local atende 500 crianças da rede pública de ensino com aulas de judô e taekwondo.

Na Rio-2016, porém, a filha de José Rogério Menezes e Olindina Menezes não conseguiu repetir o feito do último ciclo. Ela foi derrotada nas quartas-de-final pela cubana Dayaris Mestre Alvarez e na repescagem pela líder do ranking mundial, Urantsetseg Munkhbat, da Mongólia, por ippon. Saiu do tatame aos prantos pela derrota e por causa de uma luxação no cotovelo. Mesmo assim, acompanhou de perto as outras lutas e as conquistas brasileiras no Rio. “Hoje, o judô é a modalidade que mais medalhas olímpicas deu ao Brasil, 22 no total”, diz a medalhista.

Sarah Menezes sofre derrota para atleta da Mongólia na Rio-2016

Ainda é cedo para alguma definição sobre Tóquio 2020 e suas vagas. O novo ciclo do judô começa a ser escrito no próximo sábado e a medalhista prega respeito às adversárias de categoria. Terá um ano de adaptação pela frente, mas quando questionada sobre o que almeja do futuro ou qual seria seu sonho para o judô, Sarah Menezes, não tem dúvidas: “ser bicampeã olímpica”.

Confira a entrevista de Sarah Menezes, na íntegra, ao Olimpíada Todo Dia:
01) Como você começou no judô?

Comecei aos 9 anos, depois de ver uma apresentação de judô na escola em que estudava em Teresina.

02) Qual a importância do esporte na sua vida?

Esporte para mim é tudo, é a minha profissão e foi o que transformou a minha vida.

03) O que ser uma medalhista olímpica te trouxe?

Me trouxe mais reconhecimento, ajudou na parte financeira e hoje sei que sou também um exemplo para as crianças que querem praticar judô.

04) Como você considera a situação atual do judô no Brasil?

Acho que o judô está muito bem, com muitos praticantes em diversos lugares do país. O COB, a CBJ, patrocinadores, clubes, Ministério do Esporte tem investido bastante na modalidade e os resultados estão aparecendo. Hoje, o judô é a modalidade que mais medalhas olímpicas deu ao Brasil, 22 no total.

05) Você vai estrear em nova categoria no Aberto de Sófia nesse final de semana. Por que mudou de categoria?

Depois do terceiro ciclo olímpico na mesma categoria, acredito que agora é a hora de mudar, de fazer um teste.

06) Como foi a decisão?

Em conjunto com a Comissão Técnica da seleção e eu decidi fazer um teste, ver como vou me sentir, como vou me comportar com o meu peso.

07) O que isso muda pra você?

Talvez na questão da força, porque as atletas do 52kg são mais fortes do que as do 48kg. Mas, não dá para avaliar muita coisa antes de competir.

08) Quem serão as suas principais adversárias na nova categoria?

Minha principal adversária sou eu mesma. Se estiver me sentindo bem, as coisas vão bem.

09) Qual a sua expectativa para essa estreia?

O principal é conseguir me adaptar às novas regras e à essa nova categoria. Vou dar o meu melhor para conseguir um bom resultado.

10) O que espera dessa competição no final de semana?

É uma competição de preparação para outra maior que é o Grand Slam de Paris.

11) E qual a importância do Aberto de Paris que vem pela frente? Qual sua expectativa?

O Grand Slam de Paris é uma competição muito tradicional, sempre muito forte tecnicamente. Vai ser importante para me adaptar às novas regras e à nova categoria.

12) Com a mudança de categoria, como fica a disputa pela vaga na seleção?

Respeito muito a Erika Miranda e todas as outras atletas do 52kg. É um ano de adaptação para mim e, por isso, é muito cedo para falar em disputa por vaga.

13) O que almeja no futuro?

Ser bicampeã olímpica.

14) Qual seu sonho pro judô?

Ser bicampeã olímpica.

 

Fundador e diretor de conteúdo do Olimpíada Todo Dia

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