Daniel Cargnin é um dos principais talentos do judô brasileiro. Depois de ser bronze em Tóquio-2020, ele subiu para a categoria até 73kg e acumulou diversos resultados importantes no ciclo de Paris-2024. O gaúcho enfrentou lesões que o tiraram de combate por alguns meses no ano pré-olímpico, mas já está recuperado. Ele conquistou a prata no Campeonato Pan-Americano e da Oceania de Judô, no Rio de Janeiro, nesta sexta-feira (26), e acredita que foi mais um passo rumo à sua segunda medalha olímpica.
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“Essa foi a minha segunda competição no ano, então eu acho que é degrau a degrau. Desde o ano passado, venho aprendendo muita coisa, porque nos Jogos Pan-Americanos, eu fraturei o tornozelo. Agora, lutar em casa é bom demais. Quando teve o Grand Slam no Brasil, eu ganhei. Também queria trazer essa vitória, mas as pessoas que importam para mim estavam ali torcendo. Elas sabem que eu dou tudo de mim na luta. Acredito que tem tudo para terminar com chave de ouro esse ciclo”, falou Cargnin.
Atualmente na sétima colocação do ranking olímpico do peso leve, Daniel Cargnin começou o ciclo muito bem, medalhando nas duas principais competições internacionais do judô em 2022: foi bronze no Mundial de Tashkent e ouro no Masters de Jerusalém. Além disso, ele acumulou três medalhas no circuito mundial, sendo duas em Grand Slams e uma em Grand Prix, e chegou a ser o número um do mundo em sua categoria. A partir do primeiro semestre de 2023, teve lesões que o afastaram do circuito.
As lesões
Depois de competir no Grand Slam de Tel Aviv, em fevereiro do ano passado, Cargnin foi diagnosticado com um quadro de dor lombar aguda e não disputou o Mundial de Doha. Ele só retornou às competições em julho, vencendo um Open Continental na Bahia. Após disso, disputou o Masters de Budapeste, em agosto, e o Campeonato Pan-Americano e da Oceania, em setembro, onde conquistou a medalha de ouro, antes de ser acometido por uma grave lesão que o deixou parado mais uma vez.
Cargnin fraturou o tornozelo esquerdo durante a semifinal dos Jogos Pan-Americanos de Santiago-2023, em outubro, e precisou passar por cirurgia. Ele chegou a vencer a luta da semi, mas sequer disputou a final na ocasião, ficando com a medalha de prata. Depois de mais cinco meses sem competir, o gaúcho de 26 anos retornou aos tatames em março deste ano, no Grand Prix da Áustria, onde era o atleta mais bem ranqueado do torneio e caiu nas oitavas de final.
Retorno no ano olímpico
O Pan do Rio foi, portanto, sua segunda aparição internacional na temporada. Durante as disputas na Arena Carioca 1, ele foi o cabeça de chave número dois e entrou direto nas oitavas de final. Em sua trajetória, venceu o colombiano Ferney Ruiz, o argentino Facundo de Lucia e o mexicano Ulises Mendez antes de cair diante do canadense Arthur Margelidon, nono colocado do ranking mundial, em uma luta contestada, que terminou no golden score.
“O Pan-Americano é uma competição que normalmente todo mundo se conhece. O canadense é um adversário que eu já tinha enfrentado umas quatro ou cinco vezes e nunca tinha perdido. Mas serve para abrir um pouco o olho, voltar para o clube, treinar e tentar melhorar aí até a Olimpíada”, falou Cargnin. “A expectativa é trazer mais uma medalha. Trouxe uma medalha em Tóquio, subi de categoria e vou em busca da minha segunda. Fiquei com a prata no Pan-Americano, mas serviu como aprendizado. Acredito que eu vou crescer e, daqui em diante, até a Olimpíada, é só aumentar o nível”.
Cabeça de chave em Paris?
Daniel Cargnin foi um dos dez pré-convocados pela Confederação Brasileira de Judô (CBJ) para os Jogos Olímpicos de Paris-2024. Com a campanha em solo brasileiro, o atleta vai somar pouco mais de 200 pontos no ranking mundial, mas permanecerá na sétima posição da corrida olímpica. Neste momento, ele está colocado para ser um dos oito cabeças de chave do torneio olímpico, o que evitaria confrontos diretos até as quartas de final.
Por ter competido muito pouco na segunda janela da corrida olímpica, Cargnin ainda tem três pontuações em branco. Assim, qualquer resultado que tiver nas próximas competições o fará somar pontos, o que ajudará a ganhar posições no ranking. Ainda haverá os Grands Slams de Dushanbe e o de Astana, além do Mundial de Abu Dhabi, antes da definição final dos classificados e dos cabeças de chave para Paris-2024. Ainda não é certo se Cargnin participará de alguma dessas competições.