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Judô

Jéssica Lima vence japonesa e Klimkait e é prata no GS de Tóquio

Jéssica perdeu final para canadense Christa Deguchi, campeã mundial. Outros quatro brasileiros caíram na estreia do torneio mais tradicional do judô mundial

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(Foto: Gabriela Sabau/IJF)

O Grand Slam de Tóquio começou com um copo cheio e um copo vazio para a delegação brasileira. O copo cheio foram as quatro vitórias espetaculares de Jéssica Lima, incluindo,sobre a campeã mundial e medalhista olímpica Jessica Klimkait na semifinal. Na final, Lima caiu para a outra canadense campeão mundial, Christa Deguchi, terminando com a prata. Já o outro copo foi se esvaziando a medida que os outros quatro brasileiros caíram na estreia: Beatriz Souza, Kaillany Cardoso, Rafael Macedo e Rafaela Silva. Guilherme Schmidt, com uma lesão nas costas, precisou desistir do torneio.

Ela buscava entrar para a história como a primeira mulher do Brasil a vencer o Grand Slam de Tóquió. Jéssica é apenas a segunda brasileira a ter chegado na final do torneio mais tradicional do circuito mundial de judô, dez anos depois de Érika Miranda. 2013 também foi o último ano que o Brasil havia disputado uma final no torneio. Além de Érika, Charles Chibana e Rafael ‘Baby’ Silva levaram a prata.

Até hoje, apenas um brasileiro conseguiu vencer na capital japonesa, quando a competição ainda era chamada de Copa Jigoro Kano. Segundo informações da Confederação Brasileira de Judô (CBJ), Sérgio Pessoa foi campeão nos 60kg em 1986. Como país-sede, o Japão tem direito a incluir quatro atletas na chave, e por isso o torneio que encerra a temporada do judô é considerado por muitos como o mais difícil.

Campanha de Jéssica Lima rumo à prata

Na estreia Jéssica Lima estreou contra Yeung Nok Lem, 89ª do ranking olímpico. A atleta de Hong Kong começou com muita energia, mas Jéssica Lima soube observar bem a luta em seus instantes iniciais. Com menos de um minuto de combate, ela aplicou o golpe perfeito e avançou de fase. Na segunda rodada, a cabeça-de-chave número 6 enfrentou uma adversária forte, a japonesa Honda Riko.

Virada sobre japonesa na segunda rodada

Honda é a 56ª do ranking olímpico, quinta melhor japonesa e atual vice-campeã mundial juvenil. O confronto foi bem acirrado, com as duas se estudando e com a japonesa tentando imobilização da brasileira, sem sucesso. O duelo permaneceu sem pontuação até que no minuto final Honda aplicou um belo waza-ari para liderar o combate. Mas Jéssica Lima tirou forças e aplicou um golpe rápido, derrubando a adversária de costas, garantindo a vitória.

Nas quartas-de-final, a adversária de Jéssica Lima foi a neerlandesa Pieuni Cornelisse. Ambas fizeram um confronto apertado, e ao fim dos quatro minutos de luta, nenhum ponto marcado. Lima tinha apenas um shido em seu favor, mas com um minuto de golden score isso não era de grande valia. Foi quando pouco antes do meio-dia local (e meia-noite da sexta no horário do Brasil) ela conseguiu literalmente empurrar a adversária ao chão aplicando um golpe que lhe colocou na semifinal.

Duelo de Jéssicas na semifinal e Canadá fica sem final caseira

Na semifinal, a parada foi muito dura para Jéssica Lima. Simplesmente ela enfrentou a xará Jessica Klimkait, número 2 do mundo e atual líder do ranking olímpico. A canadense foi campeã mundial em 2021 e levou não só medalha de bronze nos mundiais de 2022 e 2023, mas também nos Jogos Olímpicos de Tóquio 2021. Atualmente, ela domina a categoria ao lado da compatriota Christa Deguchi, duas vezes campeã mundial (2019 e 2023).

A canadense foi superior durante a maior parte da luta, mas Jéssica Lima conseguiu fazer um belo jogo tático para chegar ao fim dos quatro minutos regulamentares com um shido de vantagem. Com apenas oito segundos de golden score, Jessica Lima conseguiu derrubar Klimkait. O cotovelo da adversária caiu exatamente na linha do tatame. Depois de uma revisão por vídeo, um waza-ari foi concedido à brasileira que comemorou muito a vaga na final.

Com o resultado, Jéssica Lima frustrou o sonho canadense de ter uma final 100% doméstica. Afinal, Klimkait e Deguchi estão disputando ponto a ponto o direito de representar o país nos Jogos Olímpicos de Paris-2024. Não só isso, mas o torneio também acendeu o sonho olímpico para Jéssica Lima, que se aproxima de Rafaela Silva no ranking.

Christa Deguchi começou a final com um o-soto-gari logo com 20 segundos, mas Jéssica Lima conseguiu se segurar bem. Porém, com 55 segundos, Deguchi conseguiu finalmente  levar Lima ao chão garantindo a medalha de ouro.

Rafaela Silva cai na estreia para brasileira que defende Itália

Foi um confronto quase brasileiro. Rafaela Silva enfrentou Thauany David Capanni Dias. Thauany nasceu no Brasil e chegou a ser medalhista de ouro em sul-americano sub-15 pela seleção brasileira antes de mudar de país. Hoje, defendendo a Itália, ela é a 35ª do ranking olímpico, mas não deve levar a vaga já que sua compatriota Veronica Toniolo é top10. 

Com apenas 30 segundos de combate, Thauany projetou Rafaela no solo em um belo movimento que lhe valeu um waza-ari. A campeã olímpica e mundial partiu para a virada, tentando a imobilização algumas vezes mas o árbitro interpretou uma reversão no controle. Ele chegou a dar a vitória para a italiana, mas a arbitragem de vídeo anulou a decisão. 

Rafa voltou em busca do golpe, mas não encontrou e assim foi eliminada precocemente do Grand Slam de Tóquio. Mesmo com o resultado negativo, Rafaela Silva chega a 3139 pontos no ranking e segue em posição de cabeça de chave provisoriamente para os Jogos Olímpicos de Paris, mas agora sofre perseguição acirrada de Jéssica Lima.

Outros brasileiros caem ainda na estreia do Grand Slam de Tóquio

Na estreia dos 70kg, Kaillany Cardoso tentou forçar luta de solo contra a neerlandesa Kim Polling, mas a europeia foi superior e conseguiu uma imbolização ainda com menos de 2 minutos passando assim de fase. Com a derrota, Kaillany vai para 516 pontos no ranking, e permanece a 886 pontos atrás de Luana Carvalho, que hoje é a melhor brasileira na classificação dos 70kg mas ainda permanece fora da zona de classificação direta para os Jogos Olímpicos.

Terminando a participação brasileira, Beatriz Souza entrou no Grand Slam de Tóquio como cabeça de chave 2 na chave da +78kg. Entrando de bye, ela fez uma luta com poucos ataques diante da japonesa Kodama Hikaru, apenas 172ª melhor do ranking mundial. Já com 1 minuto e meio, Bia conseguiu “pendurar” a adversária, que recebeu dois shidos.

Porém, a luta se prolongou pelo golden score, e a japonesa se mostrou mais forte fisicamente. Ao fim de oito minutos e cinco segundos, Bia enfim recebeu o terceiro shido e a japonesa passou para as quartas de final.

Kodama foi campeã mundial juvenil em 2018, mas participou apenas de quatro torneios dentre os adultos, tendo como melhor resultado o bronze no Aberto de Bratislava de 2020, quando perdeu na semifinal para a brasileira Maria Suellen Altheman.

O único representante masculino do Brasil foi Rafael Macedo, na categoria 90kg. Em um combate acirrado, com poucas chances o brasileiro foi aos poucos dominado pelo jogo do azeri Murad Fatiyev. Enfim, ele acabou sendo eliminado após levar três ippons contra um em 3 minutos e 25 de combate.

Macedo entrou como oitavo melhor colocado no ranking olímpico e Fatiyev era o décimo lugar, mas o brasileiro perderá no mínimo duas posições na próxima atualização.

Guilherme Schmidt é cortado

O Brasil enviou 15 judocas para a competição, mas teve uma baixa de última hora. Segundo a Confederação Brasileira de Judô (CBJ), Guilherme Schimidt (81kg) sentiu as costas e foi poupado da competição que encerra a temporada. Atual terceiro do ranking olímpico, o brasileiro espera o fim do torneio para saber em qual colocação terminará o ano.

Judô do Brasil continua no Grand Slam de judô neste domingo

O Grand Slam de Tóquio é um dos torneios mais tradicionais do circuito internacional. Dentre suas características está que as categorias não segue a ordem crescente dos pesos.

Dessa forma, nove dos quatorze brasileiros participam no domingo. São eles:  Larissa Pimenta (52kg), Jéssica Pereira (52kg), Ketleyn Quadros (63kg), Mayra Aguiar (78kg), Michel Augusto (60kg), Willian Lima (66kg), Leonardo Gonçalves (100kg), Rafael Buzacarini (100kg) e Rafael Silva (+78kg)

Interessado em cinema, esporte, estudos queer e viagens. Se juntar tudo isso melhor ainda. Mestrando em Estudos Olímpicos na IOA. Estive em Tóquio 2020.

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