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Judô

Maria Suelen se aposenta oficialmente dos tatames

Após quase duas décadas, judoca Maria Suelen anuncia aposentadoria da carreira de atleta aos 34 anos

Maria Suelen Altheman judô jogos olímpicos tóquio enquanto Romaine Dicko
(Foto: Wander Roberto/COB)

Aos 34 anos, a vice-campeã mundial Maria Suelen Altheman decidiu encerrar oficialmente sua jornada como atleta do judô. A brasileira passou mais de uma década entre as estrelas da categoria peso-pesado (+78kg), com três participações em Jogos Olímpicos e sete medalhas em Campeonatos Mundiais (três individuais e quatro em equipe), além de dezenas de pódios no Circuito Mundial.
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Suelen dedicou quase duas décadas de sua vida à seleção brasileira de judô. Sua última competição oficial foram os Jogos Olímpicos de Tóquio, em agosto de 2021. Na ocasião, uma grave lesão no joelho esquerdo sofrida na luta de quartas de final contra a francesa Romane Dicko encerrou o sonho da brasileira de conquistar uma medalha olímpica.
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Em 2022, já recuperada de lesão, Maria Suelen chegou a retornar aos tatames e disputou os Jogos Abertos de Santa Catarina. Ela faturou a medalha de ouro tanto no peso pesado quanto no absoluto, mas mesmo assim, sentiu que seu retorno à alta performance se mostrou cada vez mais difícil.

Maria Suelen Altheman enquanto projeta adversária
(Foto: Jensen Lars Moeller/IJF)

“Eu já vinha amadurecendo essa ideia de tirar o pé do acelerador depois da Olimpíada [de Tóquio]. Lá, eu acabei me machucando, cheguei no Brasil, fiz uma cirurgia de joelho e, no tempo de recuperação, amadureci ainda mais a ideia de parar. Eu não tinha tanta vontade de voltar a treinar e, conversando com alguns colegas que também passaram pelo processo, vi que realmente estava chegando a minha hora. Parecia que eu não tinha mais inspiração e motivos para voltar”, explicou.

Nova fase

Suelen é natural de Amparo, interior de São Paulo, e iniciou no judô aos dez anos de idade, em um projeto social perto de sua casa. Nos 24 anos de tatame, defendeu clubes como São Caetano, Associação Rogério Sampaio e, por fim, o Esporte Clube Pinheiros. Foi neste último que, a convite de Tiago Camilo e Leandro Guilheiro, iniciou o processo de transição da carreira de atleta para a de treinadora.

“Era uma coisa que eu tinha muita vontade de fazer: poder trabalhar com os atletas e estar do outro lado agora. É engraçado que os planos continuam os mesmos. É sempre medalha e resultados. Só que, agora, é com os atletas. É um prazer diferente, mas o objetivo é o mesmo. Se eles estão felizes, eu estou feliz. Se eles estão tristes, eu procuro uma forma de ajudar. Estou muito feliz com essa nova fase da minha vida”, expôs.

Currículo

Em 17 anos de seleção, Suelen colecionou quase 60 medalhas em competições internacionais. Foram três em Mundiais (2 pratas e 1 bronze); e três em World Masters; 18 em Grand Slam; nove em Grand Prix, fora as conquistas continentais. Um legado gigantesco que deixará para o judô feminino brasileiro, especialmente, para as meninas mais novas da sua categoria. É o caso de Beatriz Souza, que no último ciclo disputou a vaga olímpica com Maria Suelen e, agora, é preparada pela mesma para os Jogos de Paris 2024.

Bia Souza e Maria Suelen assim disputaram o Grand Slam de Paris de judô
Maria Suelen e Bia Souza (Foto: Gabriela Sabau/IJF)

“A minha disputa com a Bia foi muito saudável. Acho que uma cresceu com a outra. Ela me motivou muito a ir para a Olimpíada. Eu falo que ela foi meu combustível. Tinha uma disputa dentro do tatame, mas tinha uma amizade fora. Essa troca, poder ajudá-la e ver o tanto que ela evoluiu é muito prazeroso. Era a categoria que eu competia, então fico feliz de tê-la como representante”, ponderou.

Realizada

Maria Suelen encerra sua carreira competitiva, mas com a certeza de que não abandonará o judô nem tão cedo. Agora, ela inicia uma nova fase no esporte convicta de que, como atleta, viveu tudo o que tinha para viver e se sente realizada.

“Eu fui muito feliz na minha carreira. Independentemente de não ter conquistado a medalha olímpica, eu me realizei. Fiz muitos amigos e conheci grandes pessoas que vou levar para o resto da minha vida. O judô é uma família, porque a gente convive muito junto. Faltou a medalha olímpica, mas não é isso que vai me deixar triste. Eu fiz tudo o que poderia ter feito, aproveitei bastante tudo isso aqui”, refletiu.

*Com informações da Confederação Brasileira de Judô (CBJ)

Paulistano de 23 anos. Jornalista formado pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Estou no Olimpíada Todo Dia desde 2022. Cobri a Universíade de Chengdu, o Pan de Santiago-2023, a Olimpíada de Paris-2024 e a Paralimpíada de Paris-2024.

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