Pela televisão de casa, Karoline Porto Duarte se encantou com a trajetória da judoca Rafaela Silva, campeã olímpica na Rio 2016. Nascida no Rio de Janeiro, assim como a atleta que mordeu a medalha dourada ao subir no pódio, a garota de então 21 anos decidiu que era aquilo o que queria fazer da vida. “Um dos meus sonhos é conhecê-la pessoalmente. É uma referência no judô, sou muito fã!”, diz Karoline, hoje com 27. Neste fim de semana, ela terá, enfim, a chance de estrear pela seleção brasileira, mas no judô paralímpico. O IBSA Grand Prix de São Paulo reunirá, entre sábado e domingo, competidores de 21 países na capital paulista.
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“Minha expectativa é a mais incrível possível. É a primeira vez que terei a oportunidade de representar meu país, sempre sonhei com esse momento, mas não tinha noção de que chegaria tão rápido. A adrenalina está batendo forte, é uma emoção muito grande. Se depender de mim, sairemos campeões”, promete a judoca da classe J1 (cegos totais) na categoria até 70 kg.
No ano seguinte à edição brasileira dos Jogos Paralímpicos, Karoline já estava treinando e disputando as etapas nacionais de Grand Prix organizados pela CBDV (Confederação Brasileira de Desportos de Deficientes Visuais). O ouro inédito conquistado este ano, em março, foi a porta de entrada para receber o convite a participar da Fase de Treinamentos da seleção. “Sempre batia na trave, pegando prata, prata, prata… Até que este ano eu falei ‘agora eu quero ouro’. E consegui!”, conta Karoline, que perdeu a visão quando tinha de dois para três anos, após um tombo ter descolado suas duas retinas.
Expectativa
A chave de Karoline conta com quatro competidoras, incluindo outra brasileira em início de carreira pela seleção, mas que já vem colecionando resultados importantes na temporada: a carioca Brenda Freitas, também de 27 anos, foi campeã das etapas da Turquia e do Cazaquistão e chega como líder do ranking mundial na sua categoria. “Venho fazendo boas lutas nas competições da IBSA. Quero me manter na liderança”, afirma a lutadora, que perdeu a visão aos 18 anos, após um descolamento de retina provocado por herpes. Brenda começou no judô há apenas quatro anos, após ter praticado muay thai.
Michelle busca recomeço sob novas regras
Duas vezes medalhista paralímpica (bronze em Pequim 2008 e Londres 2012), a sul-mato-grossense Michele Ferreira está de volta à Seleção ainda se readaptando às mudanças de regras da modalidade que entraram em vigor este ano. Também lutando na categoria até 70 kg, mas da classe J2 (baixa visão), a judoca de 37 anos encara o Grand Prix de São Paulo como um recomeço.
“Vai ser uma experiência totalmente diferente. Nas três Paralimpíadas, competi em uma categoria bem abaixo, até 52 kg. Depois, fui para a até 63 kg, e as duas acabaram extintas”, explica a atleta, que também participou da Rio 2016 – ficou na quinta colocação. “Será uma novidade para mim, tanto de categoria quanto de volta após lesão, já que rompi o ligamento do joelho”, completa.
Sobre o Grand Prix
A terceira etapa do circuito da IBSA Grand Prix de judô paralímpico reunirá 23 brasileiros e nove dos 16 atuais líderes do ranking mundial do judô paralímpico no Centro de Treinamento Paralímpico Brasileiro, localizado na Rodovia dos Imigrantes, km 11,5, em São Paulo. A competição vai acontecer sábado (02) e domingo (03).