O judoca Daniel Cargnin voltou dos Jogos Olímpicos de Tóquio com uma medalha de bronze no peito, conquistada na categoria até 66 quilos. Em Paris-2024 a ideia é competir uma acima, na até 73 quilos, o que, segundo ele mesmo, vai tirá-lo da condição de realidade para recolocá-lo como uma aposta. Nada que o assuste, de certo modo, foi assim que o brasileiro do Rio Grande do Sul conseguiu subir no pódio dentro do templo do judô mundial.
“Sei que vai ser um desafio enorme, mas é uma coisa que estou disposto a passar. No 66kg, agora já sou uma realidade. No 73kg volto a ser aposta. Mas isso vai me deixar feliz, botei muito na balança, me deu um ‘up’ para subir e tentar uma nova medalha em uma categoria diferente”, disse. A categoria “nova” é a mais fraca do Brasil no masculino. Em Tóquio, a seleção foi representada pelo Eduardo Katsuhiro, o único que conseguiu vaga apenas pela conta continental, com derrota logo na primeira luta. Já aos 30 anos, não são grandes as chances dele chegar em Paris.
Daniel Cargnin, de 24 anos, deve estrear na até 73kg no final de janeiro, no Grand Prix de Odivelas, em Portugal, competição que abre o calendário do circuito internacional de judô. “É mais confortável na perda de peso, mas incômodo pela minha estatura. Ainda estou sentindo a diferença de força nos treinamentos. Não posso prometer uma medalha em Paris, mas vou fazer de tudo para conseguir.”
Esforço e perseverança
O caminho do pódio ele já conhece. “Sempre falo que não sou uma pessoa fora de série, aquele cara que derruba todo mundo com muita facilidade. Mas com esforço cheguei lá e acho que isso abriu muito os olhos das pessoas do Brasil e atletas até da minha categoria que não é esse bicho de sete cabeças”, disse. “Cheguei em Tóquio não como um dos atletas favoritos à medalha, mas não deixei de acreditar. A gente é o que acreditamos que podemos ser. Isso me fez chegar”, acrescentou o vencedor do Prêmio Brasil Olímpico deste ano na categoria judô.
Sobre 2021, Daniel Cargnin avalia que o começo foi muito difícil. “Machuquei demais no período de competições pós (paralisação) pandemia.” A virada veio com o bicampeonato pan-americano em Guadalajara, em novembro do ano passado. “Vi que em meio a tantas coisas ruins, uma luz no fim do túnel. Aquilo me fez acreditar que poderia chegar a uma medalha em Tóquio, me mostrou que eu estava numa crescente. Acredito muito no processo de evolução.”
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E deu certo, cerca de oito meses mais tarde, subia ao pódio da Budokan, local das lutas do judô nos Jogos Olímpicos. “Demora para cair a ficha de tudo o que aconteceu, mas o que ficou claro é que até tu conseguir realmente, quase ninguém acredita que aquilo possa realmente ser feito. Minha confiança aumentou muito. A gente treina idealizando a medalha, um pódio, mas quando consegui, vi que não é impossível. Eu achava que os atletas da Europa, do Japão, eram de outro mundo, mas não. Com o nosso esforço, conseguimos chegar onde nem nós imaginávamos.”