A segunda-feira (21) não foi de boas notícias para o judô e para o esporte brasileiro como um todo. Atual campeã olímpica, a judoca Rafaela Silva está fora dos Jogos de Tóquio 2020 após ser rejeitado pela Corte Arbitral do Esporte recurso pedindo a absolvição de suspensão de dois anos por doping. O CAS é a última instância do direito esportivo mundial.
Além disso, Rafaela SIlva perde a medalha de bronze conquistada no Campeonato Mundial do ano passado e o Brasil perde o bronze conquistado na prova por equipes. Os resultados obtidos pela atleta no Grand Slam de Judô de Brasília de 2019 também foram retirados.
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A atleta da categoria Leve, até 57 quilos, é atual campeã olímpica e foi a primeira brasileira campeã mundial de judô, em 2013, no Rio. Rafaela era uma das maiores esperanças de medalha do judô brasileiro no Japão no ano que vem.
Relembre o caso
No Pan-Americano de Lima 2019, em agosto de 2019, Rafaela Silva foi flagrada em exame que detectou doping por fenoterol logo após a conquista do ouro na categoria -57kg. O anúncio da perda da medalha foi feito pela Panam Sports.
Após o título no Pan de Lima, Rafaela Silva ainda disputou o Mundial do Japão (bronze), o Grand Prix Interclubes (prata), o Grand Slam de Brasília (bronze) e o Mundial Militar (ouro) antes de decidir pela punição voluntária.
Rafaela soube do caso quando estava no Campeonato Mundial de Judô de Tóquio, em agosto. No mesmo dia, ela conquistou a medalha de bronze e realizou outro exame antidoping, que deu negativo para a substância encontrando no Pan de Lima.
“Dei positivo”
Em setembro do ano passado, ela revelou ter sido flagrada em exame que detectou doping. “Dei positivo para a substância fenoterol. Estou aqui para falar. Não tomo remédio, não tomo bebida alcoólica, só tomo gel de carboidrato quando passa nos intervalos da luta. Não pego garrafinha de ninguém. Sempre tive muito cuidado”, disse em entrevista coletiva à época.
“Estou na mira, no alvo do grupo da Wada desde 2009 e 2010. Sempre fiz meus testes, sempre cumpri a programação. Fiquei sabendo há um tempo, mas como o Flávio [Canto, judoca] colocou aqui, não tinha nada concreto ainda, o resultado dos exames. Já competi depois, fiz outro exame e deu negativo”, acrescentou.
O fenoterol tem efeito broncodilatador e costuma ser usado em tratamento de doenças respiratórias, como a asma. A substância causa também aumento de performance, já que permite melhor troca gasosa entre sangue e pulmão.
Suspensão de dois anos e defesa
Em janeiro desse ano, Rafaela SIlva foi suspensa por dois anos pela Federação Internacional de Judô.
Ainda sonhando com a participação olímpica em julho, a judoca procurou um novo advogado, Marcelo Franklin, para entrar com o recurso no CAS. Marcelo Franklin é a principal referencia em antidoping no Brasil e já defendeu casos de atletas como César Cielo, Etiene Medeiros, Caio Bonfim e Pedro Barros. Em todos os casos, o advogado conseguiu inocentar os atletas.
A defesa de Rafaela Silva alegou que a judoca ingeriu a substância ao dar seu nariz para um bebê chupar.Segundo a defesa, Rafa teria sido contaminada acidentalmente com a substância pelo contato com a colega de quarto ou com torcedores durante o Pan.
Nota da CBJ
Em nota, a Confederação Brasileira de Judô (CBJ) lamentou a perda da atleta para os Jogos Olímpicos de Tóquio.
“A Confederação Brasileira de Judô lamenta os efeitos da decisão proferida pela Corte Arbitral do Esporte no julgamento da atleta Rafaela Silva, confirmada, nesta segunda-feira, 21.
Rafaela é uma das maiores atletas do país, única judoca brasileira campeã mundial e olímpica, em carreira construída à base de muito suor, disciplina, coragem e, sobretudo, superação.
Uma das principais lições que o nosso esporte ensina é aprender a cair, levantar e seguir. Rafaela Silva e o judô brasileiro levantarão ainda mais fortes. Juntos, estamos preparados para vencer as dificuldades”