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Judô

FIJ encerra temporada e dificulta solução nos 57 kg do Brasil

Federação internacional anunciou que não vai mais promover torneio em Zagreb esse ano, competição que poderia ajudar Jéssica Pereira a crescer no ranking

Calenário de judô 2020 FIJ
Ano atípico causado pela pandemia do coronavírus (instagram/judointernacional)

A FIJ (Federação Internacional de Judô) desistiu de promover a última competição do calendário de judô no circuito de 2020. O motivo é a piora das condições sanitárias em alguns países, especialmente na Europa, por conta da chamada segunda onda do novo coronavírus. Com isso, fica ainda mais curta a corrida olímpica, aumentando a incerteza em relação a composição da seleção brasileira, especificamente na categoria até 57 quilos.

Após meses paralisado, desde fevereiro, o circuito voltou em outubro com o Grand Slam de Budapeste. Inicialmente haveria mais um Slam esse ano, em Tóquio, mas acabou cancelado. A intenção da FIJ era transferir esse torneio para Zagreb, na Croácia, ainda este ano. Na quarta-feira (11), desistiu.

“Infelizmente vemos muitos países do mundo lutando arduamente para prevenir que a pandemia não saia do controle, e a segurança da família do judô vem antes”, justificou Marius Vizer, presidente da federação internacional. “A equipe da FIJ agora vai focar em organizar o Masters de Catar, em janeiro, e esperamos ser capazes de trazer a comunidade do judô para Doha a fim de marcar um novo começo do judô em 2021”, acrescentou.

Escassez de lutas

A rigor, o Masters é o único torneio na agenda do circuito da FIJ. E não é dado exatamente como confirmado, apesar de ter boas chances de ocorrer. Com isso, a única competição realmente confirmada que vale pontos para os brasileiros na corrida olímpica é o Campeonato Pan-Americano 2020, em Guadalajara, no México, marcado agora para 19 a 22 de novembro.

A falta de torneios é um fator complicador para a já difícil situação da categoria até 57 quilos da seleção brasileira, no que diz respeito aos Jogos Olímpicos de Tóquio. É a única onde não teríamos representante, caso a corrida terminasse hoje.

Jéssica Pereira seleção brasileira de judô Grand Slam de Budapeste Calenário de judô 2020 FIJ
Jéssica Pereira lutou apenas quatro vezes esse ano (Gabriela Sabau/IJF)

A vaga seria da atual campeã olímpica Rafaela Silva, um dos grandes nomes do judô do mundo e grande esperança de medalha. Mas ela está suspensa por doping e aguarda definição de recurso já em andamento na CAS (Corte Arbitral do Esporte), faltando o anúncio da decisão final.

Para caso de o pior ocorrer e ela ficar realmente de fora, uma espécie de plano B já foi colocado em prática. Jéssica Pereira, que colheu bons resultados uma categoria abaixo (52kg) e voltou no final do ano passado de suspensão também por doping, subiu uma categoria e em 2020 passou a tentar galgar posições no ranking da até 57 quilos. Mas ela está distante da zona de vagas olímpicas, então precisa somar pontos. E, para isso, tem de competir.

+ Jéssica Pereira é o destaque do Brasil em torneio português

Hoje ela tem 280 pontos somados em dois de seis torneios possíveis, ou seja, o que ela conseguir em pelo menos mais quatro é integralmente contado, sem descartes. A zona de classificação direta hoje gira em torno dos 2 mil pontos, talvez um pouco menos no caso das cotas continentais. É uma distância razoável. Para se ter uma ideia, o campeão de um Grand Slam soma mil. Os do Campeonato Pan-Americano recebem 700, mesmo total do ouro em um Grand Prix.

O Masters dá mais, 1,8 mil pro campeão, mas para chegar nele precisa estar entre os 36 melhores do ranking, então Jéssica, na 83ª colocação, não vai.

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Tempo pra Jéssica, caso Rafaela fique fora, ainda há. A corrida olímpica foi estendida em um ano e vai até o final de junho do ano que vem. Resta saber o que haverá de competições até lá. E, claro, a brasileira precisa ganhar lutas, ou melhor, medalhas. De ouro, preferencialmente.

Jornalista com mais de 20 anos de profissão, mais da metade deles na área de esportes. Está no OTD desde 2019 e, por ele, já cobriu 'in loco' os Jogos Olímpicos e Paralímpicos de Tóquio, os Olímpicos de Paris, além dos Jogos Pan-Americanos de Lima e de Santiago

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