A FIJ (Federação Internacional de Judô) desistiu de promover a última competição do calendário de judô no circuito de 2020. O motivo é a piora das condições sanitárias em alguns países, especialmente na Europa, por conta da chamada segunda onda do novo coronavírus. Com isso, fica ainda mais curta a corrida olímpica, aumentando a incerteza em relação a composição da seleção brasileira, especificamente na categoria até 57 quilos.
Após meses paralisado, desde fevereiro, o circuito voltou em outubro com o Grand Slam de Budapeste. Inicialmente haveria mais um Slam esse ano, em Tóquio, mas acabou cancelado. A intenção da FIJ era transferir esse torneio para Zagreb, na Croácia, ainda este ano. Na quarta-feira (11), desistiu.
The World Judo Tour will return in 2021 😎🥋
— Judo (@Judo) November 11, 2020
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“Infelizmente vemos muitos países do mundo lutando arduamente para prevenir que a pandemia não saia do controle, e a segurança da família do judô vem antes”, justificou Marius Vizer, presidente da federação internacional. “A equipe da FIJ agora vai focar em organizar o Masters de Catar, em janeiro, e esperamos ser capazes de trazer a comunidade do judô para Doha a fim de marcar um novo começo do judô em 2021”, acrescentou.
Escassez de lutas
A rigor, o Masters é o único torneio na agenda do circuito da FIJ. E não é dado exatamente como confirmado, apesar de ter boas chances de ocorrer. Com isso, a única competição realmente confirmada que vale pontos para os brasileiros na corrida olímpica é o Campeonato Pan-Americano 2020, em Guadalajara, no México, marcado agora para 19 a 22 de novembro.
A falta de torneios é um fator complicador para a já difícil situação da categoria até 57 quilos da seleção brasileira, no que diz respeito aos Jogos Olímpicos de Tóquio. É a única onde não teríamos representante, caso a corrida terminasse hoje.
A vaga seria da atual campeã olímpica Rafaela Silva, um dos grandes nomes do judô do mundo e grande esperança de medalha. Mas ela está suspensa por doping e aguarda definição de recurso já em andamento na CAS (Corte Arbitral do Esporte), faltando o anúncio da decisão final.
Para caso de o pior ocorrer e ela ficar realmente de fora, uma espécie de plano B já foi colocado em prática. Jéssica Pereira, que colheu bons resultados uma categoria abaixo (52kg) e voltou no final do ano passado de suspensão também por doping, subiu uma categoria e em 2020 passou a tentar galgar posições no ranking da até 57 quilos. Mas ela está distante da zona de vagas olímpicas, então precisa somar pontos. E, para isso, tem de competir.
+ Jéssica Pereira é o destaque do Brasil em torneio português
Hoje ela tem 280 pontos somados em dois de seis torneios possíveis, ou seja, o que ela conseguir em pelo menos mais quatro é integralmente contado, sem descartes. A zona de classificação direta hoje gira em torno dos 2 mil pontos, talvez um pouco menos no caso das cotas continentais. É uma distância razoável. Para se ter uma ideia, o campeão de um Grand Slam soma mil. Os do Campeonato Pan-Americano recebem 700, mesmo total do ouro em um Grand Prix.
O Masters dá mais, 1,8 mil pro campeão, mas para chegar nele precisa estar entre os 36 melhores do ranking, então Jéssica, na 83ª colocação, não vai.
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Tempo pra Jéssica, caso Rafaela fique fora, ainda há. A corrida olímpica foi estendida em um ano e vai até o final de junho do ano que vem. Resta saber o que haverá de competições até lá. E, claro, a brasileira precisa ganhar lutas, ou melhor, medalhas. De ouro, preferencialmente.