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Judô

Judô comemora seu dia tentando retomar o caminho suave

Dia do nascimento do Sensei Jigoro Kano ocorre pouco após realização do primeiro torneio do circuito internacional após meses de interrupção

Dia Mundial do judô
Foram mais de oito meses sem competições no circuito mundial (IJF)

O Dia Mundial de judô em 2020, assim como quase tudo, ou tudo, que ocorreu este ano, tem características bem peculiares. Talvez a principal dela para a modalidade é como praticar um esporte essencialmente de contato em tempos onde impera o distanciamento social e a quase aversão ao toque. Apesar da barreira, o judô segue firme os ensinamentos de seu criador, Shihan Jigoro Kano, e se levanta após uma queda de mais de oito meses.

O nascimento de Kano, por sinal, é a inspiração para o Dia Mundial do Judô. Foi em um 28 de outubro, mas em 1860, que o maior Sensei da arte marcial nasceu, em Mikage, no Japão. Franzino, de baixa estatura e cansado de apanhar quando garoto, buscou as artes marciais, o Jujutsu para ser mais exato, e daí começou a nascer o judô.

Exatos 180 anos depois, o maior adversário não são valentões da escola ou da rua se cima. Mas um ser invisível, que muitos nem consideram como forma de vida, porém muito mais perigoso. Tanto que desde o início de março o judô foi praticamente proibido no mundo todo. O vírus então passou a ser letal também para a modalidade.

Em texto divulgado para comemorar o Dia Mundial do Judô, a federação internacional resumiu bem o sentimento. “Para o judoca, contato humano é parte da vida como comer e dormir. Nós nos tocamos todos os dias com a permissão, aceitação e generosidade que oferecem a outros humanos a oportunidade de melhorar, utilizando nosso corpo como ferramenta.”

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Cair, levantar

Dentre os diversas filosofias que regem o judô, uma dos mais conhecidas é aprender a se levantar após uma queda, tão comum nesse esporte. O princípio extrapola o tatame e vale também para a vida, ou seja, sempre erguer-se após os tropeços da caminhada. E é isso que ele tem buscado como modalidade esportiva de competição, com o objetivo de voltar da melhor maneira possível para seu berço, o Japão, na Olimpíada de Tóquio em 2021.

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Assim, os praticantes do mundo todo passaram a se embrenhar em erguer mais do que a sí mesmos, mas a toda a coletividade. Judocas, equipe técnica, dirigentes e todos os demais atores da comunidade do judô começaram a buscar formas de manter-se atuando, mesmo quando o contato passou a ser uma ameaça. Foram criados protocolos, bolhas coletivas e individuais, bonecos para servirem de ‘ukes’, enfim, uma infinidade de ideias para derrotar o vilão do mundo. Até que no último final de semana os ippons, waza-aris, shidos, voltaram.

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Ainda esvaziado e com a arquibancada cheia de lugares vazios, um bom número de atletas, sendo 18 brasileiros, disputou a primeira competição do circuito mundial após a paralisação: o Grand Slam de Budapeste, na Hungria. Máscaras e limpeza constante dos tatames foram incorporados à rotina. Houve também uma bolha para manter os judocas isolados do mundo. Tudo para que eles pudessem voltar a praticar o contato social com segurança e, mais do que isso, pegar, empurrar, encostar e agarrar seus pares. Ou simplesmente, voltar a viver novamente o judô. Viva!

Jornalista com mais de 20 anos de profissão, mais da metade deles na área de esportes. Está no OTD desde 2019 e, por ele, já cobriu 'in loco' os Jogos Olímpicos e Paralímpicos de Tóquio, os Olímpicos de Paris, além dos Jogos Pan-Americanos de Lima e de Santiago

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