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Judô

Amizade entre Moura e Canto resultou no Reação em Cuiabá

Foi em uma caminhada despretenciosa que os judocas se conheceram e começaram uma relação que levou à parceria no projeto social

David Moura e Flávio Canto inauguraram dois polos do Instituto Reação em Cuiabá (Divulgação/Instituto Reação)

Em 2008, quando despontava como uma das promessas do judô brasileiro, David Moura estava com um amigo em uma praia de Búzios e viu seu ídolo Flávio Canto caminhando com a namorada. Apesar do amigo falar para não incomodá-lo, David resolveu ir falar com o judoca. Mal sabia o jovem que a amizade que construiria com seu ídolo dentro e fora dos tatames resultaria na maior conquista de sua carreira: dois polos do Instituto Reação em Cuiabá.

“Eu era muito fã dele, já conhecia ele antes de saber quem eu era. Um dia vi ele andando na praia, em Búzios, e falei para um amigo meu: ‘Cara, é o Flávio Canto ali’. Ele estava com a namorada e pensei: ‘Vou ter que ir lá falar com ele’. Não queria nem tirar foto, era só para cumprimentar mesmo. Meu amigo falou: ‘Não vai. Ele está com a namorada. Vai incomodar ele’. Eu respondi: ‘Vou sim. Estou nem aí (risos)”. Eu disse para ele: ‘Pô, Flávio, eu sou judoca também’. E dei uma profetizada: ‘A gente vai se encontrar muito ainda’. Ele até brincou: ‘Espero que não seja para lutar, você é muito grande’”, disse em live no Instagram do Olimpíada Todo Dia.

Construindo uma amizade

Logo em seguida do rápido encontro, David Moura passou a treinar no Rio de Janeiro, justamente com Flávio Canto. O experiente judoca, que já caminhava para o fim da carreira, passou a ajudar e dar conselhos a David, além de dividir viagens com a seleção brasileira.

“O Flávio Canto me adotou como um amigo. Todo fim de treino ele me ajudava, me ensinava e me chamava para treinar físico com ele. Até passava na minha casa. E assim fomos construindo uma amizade. Eu entrei na seleção e consegui ser colega dele lá por uns três anos. Ele já estava quase parando e eu chegando. Fomos vice-campeões mundiais por equipes juntos na Turquia. Foi uma viagem maravilhosa. Fizemos várias viagens juntos como colega de seleção”, disse.

+ Pandemia breca Instituto Reação, que reage contra a fome

Flávio Canto deixou os tatames em 2011. Nessa época, David Moura estava tendo dificuldades nas lutas que iam para o chão. O judoca decidiu pedir auxílio nos treinamentos justamente para o já amigo, que tinha como ponto forte durante a carreira a habilidade no chão.

“Fui atrás do Flávio, que era um cara sensacional no chão. Eu sempre gostei de ver atletas como ele, bons de chão. E aí comecei a ir para o Rio para treinar com ele. Várias vezes a gente passou horas só eu e ele no tatame fazendo exercícios e fuga de quadril. Foram anos assim”, disse.

Lado social de Flávio Canto

Em live do OTD, David Moura contou como a amizade com Flávio Canto, medalhista de bronze do judô brasileiro, levou o Instituto Reação à Cuiabá.
David Moura com a garotada do judô no Instituto Reação em Cuiabá (Marcello Zambrana)

Durante as horas diárias juntos e os anos de treino com Flávio Canto, David Moura foi nutrindo cada vez mais admiração pelo ex-judoca e conheceu seu lado social. Desde 2000, Canto tocava na Rocinha, no Rio de Janeiro, um projeto chamado Instituto Reação, que oferecia a prática do judô para comunidades carentes.

“Fui conhecendo o lado do Reação por estar sempre muito junto dele. Ele atendia vários telefonemas, falava com as pessoas e eu ali junto vendo tudo isso. Comecei a perceber como aquilo era algo de verdade para ele. O quanto aquilo fazia parte da vida dele. Aquilo era um filho para ele. E comecei a me apaixonar por isso. A gente se transforma no que admiramos. E a minha admiração por ele começou a ganhar tamanho. Não só no judô, mas esse lado social que eu via o quanto preenchia ele”, disse David Moura.

Inspirado no Instituto Reação de Flávio Canto, David Moura passou a tocar um pequeno projeto social em Cuiabá, onde nasceu e mora até hoje. O judoca, entretanto, não poderia ‘adotar’ muitas crianças, já que bancava do próprio bolso as atividades. Foi nesse momento que Canto entrou em ação.

“A gente não ‘desadota’ uma criança nunca. Aí há uns dois anos atrás o Flávio Canto disse: ‘A gente pode começar a pensar grande, sonhar junto’. Ele sempre sonhou com o Reação ser um movimento do Brasil: ‘E nada melhor do que você aqui em Cuiabá para começar esse caminho. A gente pensa muito parecido, você tem um perfil muito parecido com o meu’. Eu já tinha uma noção da minha colaboração com aquelas poucas crianças e poder multiplicar aquilo seria maravilhoso”, contou.

Plano concretizado

Em março deste ano, David Moura e Flávio Canto inauguraram dois polos do Instituto Reação em Cuiabá. Essas foram as primeiras unidades do projeto fora do Rio de Janeiro. Ao todo, cerca de 300 crianças mato-grossenses praticam a modalidade através da iniciativa social dos judocas.

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“O Reação é sensacional. Eu que passei anos e anos indo lá treinar nos últimos tempos comecei a conhecer mais profundamente o quanto as pessoas trabalham e se dedicam aquilo, o quanto as pessoas lá do Rio de Janeiro estão empenhadas a nos ajudar aqui em Cuiabá. É maravilhoso e sou muito feliz de ser o embaixador da minha cidade. E o que me enche de felicidade é essa oportunidade de quando me aposentar do judô poder ajudar mais ainda e ser o braço direito do Flávio nesse crescimento do Reação no Brasil”, finalizou David Moura.

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