O caminho da medalha de prata que Bárbara Timo conquistou para Portugal no Mundial de Judô passa pela auto avaliação. Por poder entender o que não está sendo bem feito, treinar e passar a fazer melhor. Foi aí que o país irmão do Brasil entrou para que ela conseguisse a sua maior conquista como judoca.
Bárbara Timo, de 27 anos, é brasileira e passou a defender a seleção portuguesa neste ano. O Mundial de Judô de Tóquio foi o décimo torneio que ela disputou neste ano, algo inédito. “Nunca tinha feito”, conta para o Olimpíada Todo Dia. É a grande mudança que conseguiu ao se transferir para além-mares. Pode estar em mais torneios e assim adquire conhecimento sobre o próprio judô, muito dele vindo das derrotas.
“Eu tenho a oportunidade de lutar muito mais, tenho esses três resultados, mas também tive muita derrota e fui me conhecendo. Perdi várias competições”. Os três resultados que ela cita foram os três pódios, incluindo o de quinta (29). Os outros dois também são representativos. O primeiro foi logo em fevereiro, bronze no Grand Slam de Paris, um dos mais badalados do circuito. Depois venceu a primeira pela seleção portuguesa, o Grand Prix de Tbilisi, na Geórgia. “Acho que eu me encontrei em Portugal. Encontrei a melhor forma de eu me sentir bem nas competições”.
Vitória sobre Arai
No Mundial, uma das grandes vitórias, talvez a cereja do bolo, foi logo na segunda luta contra ninguém menos do que Chizuru Arai. A japonesa entrou na competição com o backnumber vermelho reservado apenas aos campeões mundiais “em exercício”. Bicampeã mundial, no caso de Arai. Timo venceu com um waza-ari marcado no início da luta (veja abaixo no 1min25s). Sofreu nos três minutos restantes, mas saiu com a vaga nas quartas na mão.
“Era um combate decisivo. Ali eu continuava na competição ou morria na praia. Eu não fiquei pensando tanto que era ela, mas mais no peso da luta”.
Na semifinal Bárbara Timo enfrentou e venceu Margaux Pinot. A francesa havia eliminado Maria Portela, com quem dividia o espaço na seleção brasileira até o final de 2018. Ou seja, Timo e Portela poderiam ter se encontrado em uma semifinal de Mundial.
Sobre isso, Bárbara falou assim: “eu me sinto realmente portuguesa. Eu preciso me sentir assim, porque tem de fazer sentido para eu lutar de todo o meu coração. Para fazer sentido para mim, para eu me entregar, eu sou portuguesa. Então não tem mais a rivalidade que tinha antes por que a gente disputava uma vaga olímpica. Respeito como atleta. É uma grande atleta”.
A portuguesa Bárbara Timo, atleta do Benfica, finaliza dizendo que a história da medalha de prata do Mundial é a história da vida dela. “É uma vida por esse momento”, resume. E, claro, ela quer voltar a Tóquio nos Jogos do Ano que vem, mas nisso ela pensa depois que conseguir parar de ler as inúmeras mensagens que vem recebendo e dormir um pouco. “Quero mais e vou buscar por mais. Mas agora estou e preciso curtir esse momento que batalhei tanto para conseguir”.