A jovem Larissa Pimenta conquistou a medalha de ouro no judô dos Jogos Pan-Americanos de Lima nesta quinta (8). Mais do que isso, com apenas 20 anos, a meio-leve consegue em Lima sua apoteose continental uma vez que já havia vencidos os três campeonatos pan-americanos específicos do judô, como cadete, júnior e adulta. Na saída, dedicou a vitória à vó, já falecida, e contou que em determinado momento da competição sentiu a presença dela.
Além de Larissa Pimenta (52kg), Renan Torres também colocou o ouro no peito nos 60kg. Larissa Farias, nos 48kg, chegou a disputar o bronze, mas acabou em quinto. Os três são estreantes em Jogos Pan-Americanos.
“Ganhar na pan-america não é fácil. Mas independente de qualquer competição eu sempre venho com muita vantagem. Essa vontade me motiva bastante para conseguir uma medalha”, disse Larissa Pimenta, com o rosto encharcado de lágrimas. Quando perguntada se foi o maior dia de sua carreira, não titubeou. “Sim, hoje foi”.
“Era o sonho da minha vó me ver um dia na televisão e hoje foi a única vez que eu senti ela. Antes da final eu estava muito tensa. Aí eu mentaliezei ela na arquibancada, torcendo por mim e quando eu entrei (para a luta) me senti mais feliz e me ajudou a chegar até o final”, contou. “Estou realizando o sonho dela”.
Rainha das Américas
Campeonato Pan-Americano é específico da categoria e ocorre todos os anos, diferentemente dos Jogos, que reúnem diversos esportes e ocorrem somente a cada quatro anos. Larissa Pimenta estreou em Jogos em Lima.
A primeira vez que a judoca disputou um campeonato Pan-Americano foi em 2016, quando ainda era cadete. Venceu. No ano seguinte mudou de categoria, foi para o júnior, mas não mudou de lugar no pódio do torneio e venceu em 2017 e 2018. Este ano, seu primeiro de forma definitiva com o time adulto, colocou outra vez o ouro no peito na competição. Faltavam, portanto, os Jogos Pan-Americano.
Neste ano ela venceu ainda dois abertos continentais, em Lima e em Santiago. Fora do continente também coleciona bons resultados em seu primeiro ano de fato correndo o circuito mundial. Tem um bronze no tradicional aberto de Oberwart, na Áustria, outros dois em torneios Grand Prix – Tblisi, na Geórgia, e Antalya, Turquia – e outro no Grand Slam de Baku. A campanha garantiu para ela vaga no mundial de Tóquio, agora em agosto, parada quase obrigatória para os Jogos Olímpicos do ano que vem.
Em Lima, Larissa Pimenta entrou como cabeça de chave na sua categoria e estreou já nas quartas de final. Enfrentou a dominicana Diana de Jesus. Logo de cara já conseguiu um waza-ari e dominou a rival até achar a brecha para outra boa entrada e acabar com a disputa. Depois passou pela peruana Brillith Gamarra só no golden score. A final foi contra a mexiana Luz Olvera, mais uma vez vencida no tempo extra.
Renan Torres
Renan Torres também teve uma tarde para marcar a sua história. Começou como cabeça-de-chave, então entrou direto nas quartas de final. Estava vencendo Adonis Dias, nos Estados Unidos, por um waza-ari e faltando quinze segundos para o final do tempo regulamentar tomou o empate. No entanto, no último segundo, literalmente, encaixou mais um golpe e venceu antes do cronometro zerar.
A seguir pegou o cubano Roberto Almenares. Venceu por ippon no newaza, forçando o rival a bater. Foi o passaporte para a final. Lá encontrou o favorito ao ouro, o equatoriano Lenin Preciado. A luta foi parelha, com o brasileiro insistindo em um golpe. Nos dois primeiros o equatoriano foi projetado, mas escapou. No terceiro, ele se defendeu, mas no quarto, já no golden score, não teve jeito. Preciado só parou cravado no tatame, parecendo não acreditar.
Larissa Farias
Diferentemente de Renan e de sua xará dos 52kg, Larissa Farias começou da primeira rodada. Lá derrotou Jacqueline Solis, da Guatemala, sem maiores dificuldades. Depois, nas quartas, pegou ninguém menos do que a campeã olímpica Paula Pareto.
A brasileira fez boa luta contra a argentina e só sucumbiu em uma entrada de Pareto, que venceu por um waza-ari. A seguir, derrotou Anne Suzuki, dos Estados Unidos, e se credenciou para brigar pelo bronze. Acabou sendo derrotada pela chilena Mary Vargas após 17 minutos de luta onde qualquer resultado seria justo.
“É minha primeira vez em Jogos Pan-Americanos. Eu vim para substituir a Nati (Nathália Brigida), que se lesionou, e foi incrível. De verdade. Eu fui convocada vinte dias atrás, mudei todo o meu cronograma de treinamento para estar aqui. A medalha não veio, mas eu fico feliz de estar aqui porque estar aqui é fazer o que eu amo”, falou.
Sobre o duelo contra Pareto, muito respeito. E só. “A gente treina tanto para um dis estar disputando com os nossos ídolos e ela para mim é uma grande referência, mas eu tenho treinado muito para estar aqui e disputar de igual para igual. E foi o que eu fiz. “Eu acho que eu fiz uma grande luta com ela, um pouco mais de detalhe, mas eu me senti muito bem”, falou Larissa.